A Petrobras anunciou nesta quinta-feira (10) que vai reajustar em 18,8% o preço da gasolina vendida em suas refinarias a distribuidoras de combustível. A estatal também informou que o preço do diesel subirá 24,9% e do gás de cozinha em 16,1%.
Segundo a estatal, o aumento foi necessário por conta dos impactos da guerra entre Rússia e Ucrânia no preço do petróleo.
“Apesar da disparada dos preços do petróleo e seus derivados em todo o mundo, nas últimas semanas, como decorrência da guerra entre Rússia e Ucrânia, a Petrobras decidiu não repassar a volatilidade do mercado de imediato”, informou a empresa. “Após serem observados preços em patamares consistentemente elevados, tornou-se necessário que a Petrobras promova ajustes nos seus preços de venda.”
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O conflito na Europa começou no dia 24 de fevereiro, com uma operação militar russa em território ucraniano. Naquele dia, o barril de petróleo tipo Brent custava cerca de 90 dólares. Desde então, ele chegou a subir a 130 dólares. Hoje, está na casa dos 116 dólares.
Segundo a Petrobras, outras empresas que atuam no ramo de óleo e gás no Brasil já reajustaram seus preços. A estatal, depois de 57 dias sem mexer no preço da gasolina e do diesel e depois de 152 dias sem alterar o preço do gás, resolveu fazer o mesmo.
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O aumento começa a valer a partir de sexta-feira (11).
O preço médio de venda da gasolina vendida pela Petrobras às distribuidoras passará de R$ 3,25 para R$ 3,86 por litro. Considerando que a gasolina vendida em postos de combustível vem misturada com 27% de etanol, a Petrobras estima que o combustível suba R$ 0,44 por litro ao consumidor final.
Para o diesel, o preço médio de venda da Petrobras para as distribuidoras passará de R$ 3,61 para R$ 4,51 por litro. Considerando que o diesel nos postos tem 10% de biodiesel, a Petrobras estima uma aumento R$ 0,81 por litro nos postos.
Já o preço médio do gás de cozinha (GLP) passará de R$ 3,86 para R$ 4,48 por quilo. Isso significa que um botijão de 13kg custaria R$ 58,21, na média, às distribuidoras. O aumento médio, neste caso, seria de R$ 0,62 por kg.
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Lucro recorde
Desde 2016, após o impeachment da ex-presidenta Dilma Rousseff (PT), a Petrobras alinhou seus preços ao custo do petróleo no mercado internacional.
Durante o ano passado, o preço do barril subiu 38% – de 44,23 dólares para 60,90 dólares. Neste mesmo período, o preço médio da gasolina subiu 46% nos postos, segundo a Agência Nacional de Petróleo (ANP).
O aumento do petróleo e o repasse dele aos consumidores foram os principais fatores que levaram à estatal a registrar o maior lucro de sua história no ano de 2021. Foram R$ 106,6 bilhões em lucro líquido, já descontados os impostos –alta de 1.400% em relação a 2020.
O ganho foi tanto que a estatal resolveu aumentar em R$ 37,3 bilhões o valor dos dividendos –participação nos lucros– que pagará a seus acionistas com base dos resultados de 2021, totalizando R$ 101,4 bilhões.
De acordo com a própria Petrobras, mais de 44% dos acionistas da empresa não são brasileiros. Os investidores brasileiros detém cerca de 19% do capital da empresa. O governo controla outros 37% das ações.
::O contraste entre preço do combustível e lucro da Petrobras::
O lucro foi anunciado no final de fevereiro. Após o anúncio, diretores da estatal reuniram-se de forma virtual com investidores e representantes de bancos. Rodrigo Alves, diretor executivo Financeiro e de Relacionamento com Investidores, sinalizou que a alta do petróleo no mercado internacional é benéfica para os ganhos da Petrobras.
Disse ainda que, se ela impulsionar o lucro da empresa, é possível que acionistas da estatal ganhem dividendo ainda maiores.
“Sempre que houver espaço para uma distribuição adicional [de lucros], o nosso entendimento é fazer a distribuição adicional”, afirmou Alves.
Pressão por mudança
A alta do petróleo por conta da guerra na Europa, porém, aumentou a pressão política para que a Petrobras reveja sua política de preços. Políticos de esquerda e até mesmo o presidente Jair Bolsonaro (PL) reclamaram da dolarização do custo do combustível no Brasil.
::PT rejeita PEC dos Combustíveis e propõe fundo como alternativa::
No Congresso Nacional, tramitam propostas para tentar conter a alta dos combustíveis apresentadas ainda antes do início da guerra. Uma delas, inclusive, visa regular a venda de combustíveis e alterar a tal política de paridade de importação (PPI) da Petrobras.
A proposta é o Projeto de Lei (PL) n° 1.472, de 2021, de autoria do senador Rogério Carvalho (PT-SE). Ele está em análise pelo Senado.
Edição: Vivian Virissimo