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Jornada de lutas das mulheres sem terra do Paraná terá atos e ações de solidariedade

Iniciativas fazem parte de mobilizações nacionais e tiveram início nesta quinta (3)

Brasil de Fato | Curitiba (PR) |
Marmitas da Terra entrega 1,1 mil refeições a pessoas em situação de rua toda semana em Curitiba - Foto: Wellington Lenon

As mobilizações em torno do Dia Internacional da Mulher, 8 de Março, vão marcar as primeiras lutas nacionais de 2022 contra a crise econômica e humanitária pela qual o Brasil atravessa. Protestos estão sendo organizados em todas as regiões do país.

Com ações mobilizadas por acampamentos, assentamentos e escolas do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), a Jornada Nacional de Lutas das Mulheres Sem Terra deste ano trará o tema “Terra, trabalho, direito de existir: mulheres em luta não vão sucumbir”. Centenas de ações estão sendo preparadas para ocorrer entre os dias 7 e 14 de março.

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No Paraná, partilha de alimentos, materiais de higiene e marmitas, doação de sangue e mutirões de plantio em lavouras comunitárias estão entre as principais atividades previstas.


Preparativos para a doação de alimentos em Palmas, sudoeste do estado / Foto: Arquivo MST-PR

A primeira doação aconteceu nesta quinta-feira (3), em Palmas, sudoeste do Paraná. Foram partilhadas 80 cestas de alimentos para as famílias da comunidade urbana Marielle Franco. Além de alimentos da reforma agrária, as cestas tinham sabão feito pelo Coletivo de Mulheres Ana Primavesi, formada por mulheres do MST da região.

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Na Lapa, as lavouras coletivas do Assentamento Contestado irão receber mutirões para o plantio de 40 mil mudas de legumes e verduras, nos dias 5 e 12. A produção comunitária será destinada à continuidade da ação Marmitas da Terra, que entrega 1,1 mil refeições a pessoas em situação de rua e famílias carentes, toda quarta-feira, em Curitiba. Parte dos alimentos também será doada durante a Jornada de Agroecologia, prevista para ocorrer em junho deste ano.

Mulheres de assentamentos e acampamentos do norte do Paraná também preparam a doação de 200 kits de alimentos, panificados, artesanatos e absorventes em Londrina.

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Batizado de “Kit Wal”, as doações vão homenagear a líder comunitária Wal Dias, que faleceu há dois meses. Os itens vão chegar a mulheres do bairro São Jorge, onde a liderança comunitária morava.


Doação de sangue no Hemepar, em Curitiba, ao longo de 2021 / Foto: Arquivo MST-PR

No dia 14, plantios de árvores vão homenagear Marielle Franco, assassinada nesta data, há quatro anos. As iniciativas também denunciam a impunidade dos autores e mandantes do crime. Além das atividades feitas em diálogo com a cidade, as comunidades da reforma agrária também farão formações e ações internas, com homens e mulheres.

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Priscila Facina Monnerat, coordenadora do Coletivo de Mulheres do MST Paraná, enfatiza a importância da realização de mobilizações pelos direitos das mulheres e contra todas as formas de violência.

“Lutamos por terra, defendemos nosso território de vida, os bens comuns. Queremos pão, trabalho, igualdade, justiça social e condições dignas de vida para todas e todos, em um mundo sem os diversos tipos de violências estruturais que se expressam de diversas formas, como através do racismo e do machismo”, diz.


Mobilizações vão ocorrer em diversas cidades do estado, em todas as regiões / Foto: Juliana Barbosa/MST-PR

Despejo zero

A luta contra os despejos está entre as principais bandeiras da Jornada deste ano. Apesar do contexto de crise humanitária, a lei que proíbe despejos e reintegrações de posse contra famílias vulneráveis deixará de valer a partir do dia 31 de março. A legislação foi criada no início da pandemia para proteger famílias em situação de vulnerabilidade.

Em todo o Paraná, mais de 70 comunidades do MST ainda lutam pela efetivação da reforma agrária. Em âmbito nacional, são cerca de 200 acampamentos com ameaça direta de despejo, cerca de 20 mil crianças de até 12 anos vivem nestas comunidades.

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O número de ocupações urbanas cresceu em todo o país desde o início da pandemia da covid-19, reflexo da crise econômica e humanitária pela qual o país atravessa.

Neste período, mais de 23 mil famílias foram expulsas de suas casas e outras 123 mil estão sob risco de despejo nos próximos meses, de acordo com balanço divulgado pela Campanha Nacional Despejo Zero, que avaliou dados de março de 2020 a outubro de 2021. Os números significam elevação de 554% no número de famílias ameaçadas de ir parar nas ruas.


Registro da Vigília Resistência Camponesa, feita em Cascavel de dezembro de 2019 a março de 2020 para denunciar as ameaças de despejo a três comunidades da cidade / Foto: Júlio Cesar

Fonte: BdF Paraná

Edição: Lia Bianchini