O Brasil votou a favor da resolução do Conselho de Segurança da ONU que condena a invasão da Rússia contra a Ucrânia. A decisão favorável à resolução foi apoiada pela maioria dos países integrantes (Albânia, Brasil, França, Gabão, Ghana, Irlanda, Quênia, México, Noruega, Reino Unido e Estados Unidos), porém foi barrada pela própria Rússia que possui poder de veto. China, Emirados Árabes e Índia se abstiveram.
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A votação no Conselho foi uma primeira sinalização concreta de posicionamento do Brasil em relação ao conflito no Leste europeu. Ronaldo Costa Filho, embaixador do Brasil na ONU, afirmou que o Conselho de Segurança da Organização deve agir rapidamente diante da agressão da Rússia contra a Ucrânia.
Antes da reunião da ONU, o presidente Jair Bolsonaro (PL) e o vice-presidente, Hamilton Mourão (Republicanos), divergiram sobre o papel do país na guerra. Enquanto Mourão condenou a invasão e defendeu um posicionamento de retaliação à Rússia, o presidente da República adotou uma postura neutra.
Para Giorgio Romano Schutte, professor da UFABC (Universidade Federal do ABC) e membro do Observatório da Política Externa e da Inserção Internacional do Brasil (OPEB), Bolsonaro não tem influenciado na postura do governo brasileiro na condução dos acordos e negociações que envolvem o conflito.
"Uma coisa é o Brasil e outra é o Bolsonaro, porque ele não tem articulação internacional. O posicionamento do Brasil por meio da nota do Itamaraty e do voto na ONU deixa claro que o país quer seguir sendo coerente com a política externa do Brasil e não teve nenhuma interferência de Bolsonaro, porque ele fica de 'blá blá blá' nas redes", avalia.
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Na quinta-feira (24), o Ministério das Relações Exteriores do Brasil emitiu uma nota oficial sobre o conflito que pede um cessar fogo, mas com um tom impreciso não condenou o governo de Vladimir Putin.
O discurso e voto do Brasil no Conselho de Segurança na ONU foram razoáveis e as previsões para um possível cessar fogo ainda são imprecisas, avalia Gilberto Maringoni, coordenador do Observatório da Política Externa e da Inserção Internacional do Brasil (OPEB).
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"É uma declaração surpreendente para a diplomacia bolsonarista. Ou seja, Costa Filho implicitamente reconhece as razões russas, mas discorda do ataque. Nesse quadro, o voto tem lógica. Precisamos acompanhar os desdobramentos da situação nas próximas semanas, porque indicarão se caminhamos ou não para uma reconfiguração da geopolítica global", afirma.
Edição: Lucas Weber