Após quatro meses de crise com o Ocidente, a Rússia iniciou nesta quinta-feira (24) os ataques à Ucrânia naquilo que Kiev e a Otan chamaram de invasão total. Inicialmente, o presidente russo Vladimir Putin alegou que era uma ação militar no leste da Ucrânia, onde estão as regiões separatistas de Donetsk e Lugansk que ele reconheceu como independentes na última segunda-feira (21).
No entanto, a cronologia dos ataques seguintes deixou claro que as tropas russas estavam atacando todo o território ucraniano. Ao discursar, Putin fez ameaças e disse que "quem tentar interferir sofrerá consequências nunca vistas".
Em resposta à invasão da Ucrânia, o presidente norte-americano Joe Biden anunciou novas sanções contra a Rússia durante coletiva na tarde desta quinta (24), e disse que não tem intenção de conversar diretamente com Vladimir Putin. Biden também declarou que "não esperava que a ameaça de sanções interrompesse o ataque russo".
A repercussão do caso ganhou destaque na edição de hoje (24) do Jornal Brasil Atual. Em entrevista ao programa, o professor de Relações Internacionais na FAAP e na FGV, Vinicius Vieira comentou que "por mais que o ocidente esteja unido em impor duras sanções econômicas, elas não terão efeito neste momento e Putin continuará empreender sua ação contra o território e povo ucraniano".
"Então esses primeiros momentos da guerra devem ser entendido como algo que embora inesperado, era lógico que em algum momento fosse acontecer até por conta da redução do poder do ocidente em moldar a sua imagem e semelhança dando abertura obviamente para pretensões como a da Rússia, que pretende afirmar o seu espaço histórico, seu espaço no leste-europeu, começando pela Ucrânia".
Esta é a mais grave crise militar na Europa desde a Segunda Guerra Mundial, e a maior operação do gênero desde que os Estados Unidos invadiram o Iraque, em 2003.
Silêncio Bolsonaro
O Itamaraty soltou uma nota na manhã desta quinta-feira (24), na qual pede a “suspensão imediata das hostilidades e ao início de negociações conducentes a uma solução diplomática” em relação ao conflito entre a Rússia e a Ucrânia.
Mais cedo o presidente Jair Bolsonaro, em fala a apoiadores no cercadinho do Palácio, silenciou sobre a crise internacional e os ataques russos.
Na semana passada, em visita a Moscou, Bolsonaro havia dito que se solidarizava com os russos em um gesto que levou a fortes críticas do governo norte-americano. De acordo com os Estados Unidos, a visita e as declarações não poderiam ter ocorrido em “pior momento”.
Desde então Bolsonaro passou a adotar o silêncio e defender a neutralidade. Para tentar corrigir o curso, ele respondeu que o país não tinha tomado partido de “ninguém”. Essa tentativa de neutralidade, porém, não abrandou os ânimos da comunidade internacional e criou outro mal-estar ainda maior.
Em relação aos impactos diplomáticos, Vieira analisa que "do ponto de vista político não há grandes consequências imediatas senão o Brasil ser pressionado em virtude da atual política externa do governo", que segundo ele é desastrosa.
"Temo que o governo venha ser cobrado em virtude dessa declaração de Bolsonaro em ter uma postura mais incisiva tomando um lado de fato no conflito, a posição que cabe ao Brasil é a posição tradicional da nossa diplomacia, que é chamar as partes para um entendimento e sobretudo o respeito ao direito internacional, que na prática é defender a Ucrânia dessa agressão externa", conclui o especialista.
Confira esta e as principais notícias desta quinta (24), no áudio acima.
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