Conflito na Ucrânia

De acordo com cientista político, operação será encerrada com objetivos de Putin alcançados

Objetivo de Moscou seria Ucrânia desmilitarizada; já político de oposição critica "aventura militar" de Putin

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |

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De acordo com cientista político, operação se encerra com objetivos de Putin conquistados - Mikhail Metzel / SPUTNIK / AFP

Em um cenário de poucas respostas diante da entrada da Rússia na Ucrânia, os palpites se voltam a se podemos ter uma guerra de maiores proporções envolvendo as grandes potências. 

O fato é que, até o início da tarde desta quinta (24), o exército russo tinha avançado em regiões a oeste do território ucraniano. Relatos davam conta que o exército da Ucrânia teve embates com o exército russo na região da antiga usina de Chernobyl, no norte do país, e também nos arredores da capital Kiev, no centro.  

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Em conversa exclusiva com o Brasil de Fato, o cientista político Alexander Konkov, da Universidade Estatal de Moscou Lomonosov, disse que a operação iniciada nesta quinta (24) “será encerrada após atingir as metas. Há todas as razões para acreditar que isso acontecerá em breve.” 

Konkov recorre ao discurso feito por Putin na madrugada de quarta para quinta para delimitar quais seriam esses objetivos: “O objetivo de Putin foi declarado, desmilitarização e desnazificação da Ucrânia”. Ou seja, o presidente russo teria lançado mão de seu exército para eliminar ameaças militares e punir grupos nacionalistas ucranianos responsáveis pela morte de civis na região de Donbass.  

O próprio exército russo informou que já destruiu 74 bases militares em território ucraniano. Já o número de mortos ainda é desconhecido, mas a BBC reportava no início da tarde que cerca de 10 civis e 40 militares ucranianos haviam sido mortos.    

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De acordo com o cientista político, o que estaria em jogo do ponto de vista de Putin é a defesa de interesses nacionais russos que ele diz que foram ignorados nas conversas com EUA e OTAN, além de dar satisfação à população russa das repúblicas de Donbass.   

Oposição

Já o político de oposição, Vladimir Kara-Murza, vice-presidente da ONG Open Russia, em declaração à TV Rain (canal local independente, que Putin diz ser um "agente estrangeiro"), disse que o episódio é a prova de que o parlamento russo finalmente perdeu qualquer função representativa, já que há dois dias, com um resultado de “400 a favor e 0 abstenções”, foi tomada a decisão de iniciar uma guerra com a Ucrânia. 

Kara-Murza diz que a decisão do parlamento contrasta com uma pesquisa da CNN, que diz que “metade dos cidadãos russos não apoia o uso da força contra a Ucrânia”. E complementa: “Mesmo em uma pesquisa estatal - do centro VTSIOM - cerca de 20% dos cidadãos não apoiam as operações militares. Ou seja, milhões de nossos compatriotas são contra essa aventura militar. E em nossa Duma de Estado, nosso chamado parlamento, essa opinião dos russos está completamente ausente”.  

Edição: Arturo Hartmann