Nesta quinta-feira (24), o presidente russo, Vladimir Putin, anunciou uma “operação militar especial” na região de Donbass, no leste da Ucrânia, e iniciou ataques a outras partes da Ucrânia. Putin afirmou que o objetivo da medida é defender um povo das repúblicas populares de Donetsk e Lugansk do "genocídio pelo regime de Kiev".
Apesar de as tensões entre Rússia e Ucrânia movimentarem a diplomacia mundial nas últimas semanas, o ex-ministro de Defesa e Relações Exteriores do Brasil, Celso Amorim não acredita que há risco iminente de uma 3ª Guerra Mundial.
"Riscos sempre existem, mas não acredito que isso aconteça. Haverá tensão, muita dificuldade, sanções, efeitos econômicos, mas não acredito que haja uma 3ª Guerra Mundial. Há muito em jogo e os riscos de destruição absoluta são muito grandes", analisou Celso Amorim em entrevista exclusiva ao Brasil de Fato.
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A Ucrânia rompeu as relações diplomáticas com a Rússia, decretou lei marcial, fechou a fronteira aérea e pediu apoio da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) para defender suas bases militares.
A União Europeia e os Estados Unidos condenaram a ação de Moscou, emitiram mais sanções, mas negaram o envio de tropas para o território ucraniano.
O secretário geral da Otan, Jens Stoltenberg afirmou que a aliança irá proteger as fronteiras dos seus países membro com a Rússia, entre eles a Polônia, Letônia, Lituânia e Bulgária.
"É uma completa invasão da Ucrânia, vindo de distintas direções, por terra, ar e mar. É um ataque à paz e soberania ucranianas", declarou em coletiva de imprensa nesta quinta-feira.
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O Parlamento Europeu convocou uma sessão de emergência para a manhã desta quinta-feira para analisar a crise na Ucrânia.
"A decisão da Rússia de usar a força militar na Ucrânia está a expondo a mais sanções do Ocidente. Não é a toa que a Rússia está se aproximando da China", comenta Amorim.
Somente entre os dias 18 e 20 de fevereiro houve um total de 3231 ataques na região de Donbass, segundo um monitoramento de satélite da Organização para Segurança e Cooperação da Europa (OSCE).
Nas últimas semanas, vários líderes mundiais viajaram a Kiev e a Moscou para buscar uma solução pacífica às acusações mútuas de uma invasão iminente. O presidente Jair Bolsonaro também esteve na capital russa para reunir-se com Vladimir Putin.
Além das relações comerciais, um possível conflito com a Ucrânia também foi um dos temas de debate.
"Nunca se pode esperar nada da diplomacia brasileira no governo Bolsonaro. Acho que o ministro França tentou dar um pouco de bom senso às ações, mas ele não conseguiu. Isso independente das falas do presidente Bolsonaro em Moscou", comenta o ex-ministro Celso Amorim.
Rússia inicia operação militar em Donbass; Ucrânia fecha espaço aéreo e acende alerta em Kiev https://t.co/V7qGent1Je
— Brasil de Fato (@brasildefato) February 24, 2022
Edição: Arturo Hartmann