Um dia depois do anúncio de que a rainha britânica, Elizabeth II, está com covid-19, perfis bolsonaristas nas redes sociais iniciaram uma onda de boatos afirmando que o tratamento da monarca inclui ivermectina.
O remédio, usado no tratamento de parasitas como piolhos, está na lista de medicamentos defendidos pelo presidente Jair Bolsonaro para prevenir ou tratar contaminações pelo coronavírus. Não há nenhuma comprovaçao científica de que a substância funcione para esse fim.
Embora o Palácio de Buckingham atue com discrição total quando o assunto é a saúde da família real, um site negacionista e antivacina da Austrália divulgou um vídeo nesta segunda-feira (21) com o que considerou um indício de que a rainha poderia usar a Ivermectina.
O material em questão, foi veículado no programa A Current Affair, da emisssora australiana Channel 9 e traz uma entrevista com o médico Mukesh Haikerwall. Ele faz considerações sobre possíveis benefícios de novos medicamentos para tratamento de pessoas idosas contra a covid.
Durante a fala de Haikerwall, uma imagem mostrava a caixa de Stromectol, medicamento que contém ivermectina. Foi a deixa para que o perfil negacionista do país da Oceania passasse a divulgar que o entrevistado teria defendido a substância, que em nenhum momento foi citada por ele.
No Brasil, a fake news foi além. Perfis bolsonaristas começaram a espalhar que Elizabeth ll estaria usando o remédio. A deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP) chegou a afirmar que "segundo o Canal 9 australiano, a rainha está sendo tratado com Stromectol."
A reportagem australiana foi retirada do ar e o próprio médico que deu a entrevista foi às redes sociais para afirmar que o medicamento não faz parte do tratamento contra a covid na Australia e que as "imagens foram inadvertidamente inseridas no vídeo e serão removidas."
Nas redes bolsonaristas, os perfis se dividem entre defender a fake news ou afirmar que as publicações não passaram de uma grande ironia, um meme, postura que tem sido cada vez mais comum quando mentiras dessa natureza são expostas.
Edição: Rodrigo Durão Coelho