A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) aceitou a denúncia apresentada pelo ex-presidente Manuel Zelaya de que houve um golpe de Estado em 2009. O organismo vinculado à Organização dos Estados Americanos (OEA) investigará o ex-presidente Roberto Micheletti, que assumiu logo após a destituição de Zelaya, e outras autoridades que contribuíram com o golpe.
Em 29 de junho 2009, Manuel Zelaya foi sequestrado por militares e obrigado a deixar o país após sofrer ameaças de morte. A operação teria sido arquitetada com apoio da Casa Branca. A atual presidente de Honduras, Xiomara Castro, destacou no seu discurso de posse que justiça e reparação histórica às vítimas do golpe seriam bandeiras centrais do seu governo.
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Na última semana, o Congresso hondurenho aprovou uma lei de anistia aos presos políticos de 2009.
"Não se trata de perseguição aos responsáveis pelo golpe, trata-se de um objetivo moral de mostrar a verdade e fazer justiça", afirmou o ministro de Relações Exteriores hondurenho, Eduardo Enrique Reina.
A ministra de Direitos Humanos, Natalie Roque, também destacou que "a justiça, ainda que tardia, ajuda a reforçar que golpes de Estado são crimes".
Influência do Tio Sam?
A reunião entre a vice-presidenta dos Estados Unidos, Kamala Harris, e Xiomara Castro parece surtir os primeiros efeitos.
Além da resposta da CIDH às denúncias de golpe de Estado, o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, anunciou na última segunda-feira (7) que o antecessor de Castro, Juan Orlando Hernández, foi incluído na lista de "atores corruptos e antidemocráticos", restringindo seu visto para entrar ao território estadunidense.
Em 2021, o irmão do ex-presidente de Honduras também já havia sido condenado à prisão perpétua por relação com o narcotráfico nos Estados Unidos.
Nesta quarta-feira (9), também tornou-se pública a criação de uma Agência Técnica de Investigação Criminal entre o FBI e o Ministério Público de Honduras. O combate à corrupção e a crise imigratória foram os dois aspectos centrais da conversa entre as mandatárias.
Após comparecer à posse de Xiomara Castro, em Tegucigalpa, Harris comprometeu-se a enviar 500 mil doses de vacinas contra a covid-19 e disponibilizar US$ 1,3 milhão (cerca de R$ 6,2 milhões) para restaurar hospitais e escolas.
Edição: Thales Schmidt