Um homem que afirma ter participado do espancamento e morte do congolês Moïse Kabamgabe se entregou à polícia na tarde desta terça-feira (1º). O suspeito se apresentou na 34ª DP, em Bangu, na zona oeste do Rio de Janeiro, e foi encaminhado para a Delegacia de Homicídios do Rio. Ele disse a policiais que "não era intenção tirar a vida de ninguém".
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Moïse Kabamgabe foi encontrado morto no último dia 24, após ir ao quiosque Tropicália, na praia da Barra da Tijuca, para cobrar pelo pagamento de dois dias trabalhados como ajudante de cozinha, segundo familiares. O congolês, que vivia no Brasil como refugiado, foi espancado durante 15 minutos até a morte por homens do quiosque.
Nesta tarde, a Prefeitura do Rio informou que vai suspender o alvará de funcionamento do quiosque Tropicália, na zona oeste da capital fluminense. Administradora de diversos quiosques da cidade, a concessionária Orla Rio vai suspender a operação do estabelecimento até a conclusão das investigações.
Mais cedo também, a presidente da Comissão de Direitos Humanos e Cidadania da Assembleia Legislativa do Rio, deputada Dani Monteiro (Psol), e a área de direitos humanos da Ordem dos Advogados do Brasil no estado (OAB-RJ) se reuniram com familiares do refugiado.
Repercussão
Em nota conjunta, Cáritas RJ, ACNUR (Agência da ONU para Refugiados) e a OIM (Organização Internacional para as Migrações) lembrou que Moïse chegou ao Brasil ainda criança, acompanhado de seus irmãos. No país, ele e sua família foram reconhecidos como refugiados pelo governo brasileiro.
"Ele era uma pessoa muito querida por toda a equipe do PARES Caritas RJ, que o viu crescer e se integrar. Neste momento, as organizações apresentam suas sinceras condolências e solidariedade à família de Moïse e à comunidade congolesa residente no Brasil", afirma trecho do comunicado.
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A Embaixada da República Democrática do Congo informou que está em contato com a família de Moïse, que está cobrando um pronunciamento por parte do Ministério das Relações Exteriores. A embaixada também cobrará do governo brasileiro respostas sobre investigações de outros congoleses mortos no país.
Em entrevista ao jornal "Folha de S.Paulo", Mamanu Idumba Edou, tio de Moïse, disse que o rapaz foi cobrar o salário atrasado, quando o gerente do estabelecimento pegou um pedaço de madeira para atacá-lo.
"Ele chamou mais quatro pessoas que pularam em cima do Moise, pegou ele pelas costas, sufocou e pegou um pedaço de pau. Começaram então a bater na cabeça dele", diz Edou, relatando as cenas que a família diz ter visto em imagens das câmaras de segurança do local.
O dono do quiosque ainda não teve o nome divulgado e é esperado para prestar depoimento à polícia ainda nesta terça-feira (1º).
Fonte: BdF Rio de Janeiro
Edição: Eduardo Miranda