O Brasil superou pelo segundo dia consecutivo o recorde nacional na contagem diária de casos de covid-19, nesta quinta-feira (27), com 228.954 novas infecções, segundo dados divulgados pelo Conselho Nacional de Secretários da Saúde (Conass).
Curitiba chegou, também nesta quinta (27), a 12.381 casos ativos de covid-19. O número é o maior em quase dez meses, desde 30 de março de 2021, quando havia 12.438 casos ativos. Com isso, o número de internações e a busca por atendimento nas unidades de saúde têm aumentado, mas a prefeitura não aumenta a oferta de vagas.
Nesta quinta, a capital do Paraná estava com 85% de taxa de ocupação dos 107 leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Sistema Único de Saúde (SUS) exclusivos para covid-19, restando apenas 16 leitos livres. A taxa de ocupação dos 226 leitos de enfermarias SUS covid-19 está em 69%, restando 69 leitos vagos.
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A taxa de ocupação, principalmente das UTIs, remete aos momentos críticos da pandemia ao longo dos dois últimos anos. No entanto, a Prefeitura de Curitiba não aumentou a oferta de vagas e manteve a bandeira amarela, que significa nível de alerta moderado, não alterando regras de flexibilização.
No início da semana, o Governo do Paraná anunciou a reabertura de leitos de UTI em várias cidades, sem incluir a capital.
“A reabertura de leitos para covid-19 será, nesse primeiro momento, direcionada para o Hospital Universitário Regional do Norte do Paraná, em Londrina, com 15 leitos para receber novos pacientes. Nos próximos dias, será a vez do Hospital Santa Casa de Irati (12 leitos), Hospital Universitário de Ponta Grossa (9 leitos) e Hospital Universitário de Maringá (10 leitos)”, explica a nota da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa).
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Tendência é aumentar ocupação de leitos
Para Emanuel Maltempi de Souza, presidente da comissão de enfrentamento à covid-19 da Universidade Federal do Paraná (UFPR), em dois anos de pandemia, muitas lições foram aprendidas e devem ser colocadas em pratica com urgência.
“Já tivemos número semelhante a esse ao longo da pandemia e já sabemos o que fazer. Tem que aumentar os leitos assim que o quadro chegar a 70% de ocupação, o que representa um número grande de pessoas e a tendência é aumentar. O melhor seria que essas vagas estivessem abertas de forma permanente e não realocadas”, analisa.
Segundo estudo do Observatório Covid-19, da Fundação Oswaldo Cruz, um dos resultados provocados pela predominância da variante ômicron no país é que a taxa de ocupação dos leitos de UTI cresceu.
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Quatro estados – Pernambuco (86%), Espírito Santo (80%), Mato Grosso (84%) e Goiás (81%) – estão na “zona de alerta crítico”. Entre as capitais, a situação é mais grave em Cuiabá, com 100% dos leitos ocupados. Depois vêm Rio de Janeiro (95%), Belo Horizonte (88%), Recife (80%) e Fortaleza (85%) e Curitiba (85%).
Maltempi destaca ainda que, ao lado da ampliação de leitos, é importante agilizar a vacinação e fazer a busca ativa dos que não se vacinaram com primeira, segunda e terceira doses.
“A maior parte dos internados é de não vacinados. Por isso, o esquema vacinal completo é a principal estratégia para evitar colapso no SUS e intensificação da pandemia", alerta Maltempi.
Ele ainda explica que pessoas vacinadas carga viral menor e por menor período de tempo do que aqueles que não se imunizaram.
"Apesar de muitos infectados, mesmo que vacinados, transmitirem o vírus a outros indivíduos, a chance de isso acontecer é muito menor caso estejam com o esquema de vacinação completo", diz.
Resposta da prefeitura
Em nota ao Brasil de Fato Paraná, a assessoria de comunicação da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) informou que “foram ativados cinco leitos de enfermaria pediátrica no Hospital Pequeno Príncipe e 25 leitos de enfermaria na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Boqueirão. A SMS esclarece que os dados da ocupação de leitos em Curitiba são dinâmicos.”
Fonte: BdF Paraná
Edição: Lia Bianchini