Nesta sexta-feira (21), Gabriel Boric, presidente eleito do Chile em dezembro do ano passado com 55,7% de votos, anunciou seu gabinete de ministros, a ser composto por 14 mulheres e 10 homens. A coalizão de governo inclui independentes e representantes do Partido Socialista, Partido pela Democracia, Partido Radical, Revolução Democrática, Convergência Social e Partido Comunista. A posse do novo governo está marcada para 11 de março.
Durante a campanha do segundo turno, Boric já havia se comprometido a cumprir parâmetros de paridade de gênero, estabelecidos ainda no gabinete de Michelle Bachelet (2006-2010; 2014-2018). "Um gabinete diverso, como o nosso país. Estamos seguros de que a riqueza do Chile está na diversidade da suas pessoas", afirmou o novo presidente.
Para o Ministério do Interior e Segurança Pública foi indicada a médica e ex-chefe de campanha de Boric, Izkia Siches. A porta-voz do governo será a ex-deputada comunista, Camila Vallejo. O PC também ocupará o ministério do Trabalho, com Jeannette Jara e da Ciência, com Flavio Salazar, ex-vice-reitor da Universidade do Chile.
Como chanceler, Boric indicou Antonia Urrejola Noguera, advogada e ex-membra da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (Cidh).
O partido socialista, da ex-presidenta Michelle Bachelet, ficou com a pasta de Defesa, representado por Maya Fernández Allende, que foi presidenta da Câmara de Deputados entre 2018 e 2019 e é neta do ex-presidente Salvador Allende; e com o ministério de Vivenda e Urbanismo, com Carlos Montes.
O novo ministro da Fazenda será Mario Marcel Cullel, ex-subdiretor da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Já a pasta de Economia e Turismo será dirigida pelo engenheiro Nicolás Grau Veloso, do partido de Boric, Convergência Social.
O Ministério da Saúde será comandando pela médica Begoña Yarza, que seria próxima do ex-candidato à presidência Sebastián Sichel.
Para a pasta de Desenvolvimento Social, foi indicada Jeannete Vega, que foi subsecretária de saúde do governo Bachelet e membra do Partido pela Democracia. O Revolução Democrática assume a pasta de Cultura com a antropóloga Julieta Bordsky. O Partido Radical indicou Marcela Hernando para o ministério de Mineração e Juan Carlos García para a pasta de Obras Públicas.
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Pela primeira vez, um professor irá chefiar o Ministério da Educação, com Marco Antonio Ávila Lavanal, representante do partido Revolução Democrática, agrupação que também assumirá o Ministério da Presidência, com Kenneth Giorgio Jackson.
No ministério de Transportes assumirá o independente Juan Carlos Muñoz. Esteban Valenzuela assume o ministério de Agricultura. O ministério de Meio Ambiente será liderado por María Eloísa Rojas e o ministério de Esportes por Alexandra Benado Vergara. A pasta de Energia fica a cargo do engenheiro Claudio Huepe. Já o ministério de Justiça será comandado pela socióloga Marcela Ríos. A pasta de Bens Nacionais vai para Javiera Toro e o Ministério de Mulher e Igualdade de Gênero será chefiado por Antonia Orellana.
O gabinete também expressa novas alianças políticas no Congresso. A Frente Ampla, com a chapa Aprovo Dignidade, elegeu 37 deputados e cinco senadores nas últimas eleições. Por isso, a decisão de Boric de incluir membros do chamado "Socialismo Democrático", que conformaram o período da Concertação (1990 - 2013), e possuem 28 deputados e 13 senadores, busca ampliar a bancada governista no Parlamento.
"Estamos à disposição de impulsionar a partir do Congresso as coisas pelas quais votamos em Gabriel Boric, temos deputados que estão dispostos a empurrar esse barco, porque precisamos chegar", declarou a presidenta do Partido Humanista, Catalina Valenzuela, durante o anúncio da nova equipe de governo.
Edição: Arturo Hartmann