Com o avanço da variante ômicron, o Brasil deve registrar pico de cerca de 1.200 mortes diárias pela covid-19 em pouco mais de duas semanas. O alerta foi dado nesta quarta-feira (19) pelo Instituto de Métricas em Saúde (IHME) da Universidade de Washington, nos Estados Unidos. Segundo essas estimativas, as curvas de óbitos já estão subindo, devendo atingir o pico no dia 4 de fevereiro, quando, então, devem começar a cair. Nesse sentido, com o avanço da terceira dose e menor resistência à vacinação, esses números podem cair cerca de 30% por volta do fim do próximo mês.
De acordo com a modelagem do IHME, as internações hospitalares e em UTIs no Brasil devem registrar seu ponto máximo entre o final de janeiro e início de fevereiro, antecipando em poucos dias o pico de óbitos.
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O Brasil, reproduziria, assim, o padrão de evolução da ômicron registrado em outros países. No Reino Unido, por exemplo, a curva de novos casos vem caindo acentuadamente desde a última semana, quando atingiu nível recorde. No entanto, o país registrou na terça-feira (18) 438 mortes causadas pela covid. Foi o maior índice desde março do ano passado, durante a onda da variante delta.
Atualmente, de acordo com a plataforma Info Tracker, uma parceria entre USP e Unesp, a taxa de transmissão da covid-19 no Brasil chegou a 1,68. Isso significa que, a cada 100 pessoas que contraem a doença, outras 168 são contaminadas. Até o início da próxima semana, a taxa de transmissão deve subir para 1,86. Assim, a previsão indica a aceleração do contágio causado pela nova variante. (Continua após o vídeo.)
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Subnotificação mundial
A plataforma do IHME também aponta que, em todo o mundo, os números oficiais de mortos em decorrência da covid-19 estão subestimados. Em vez dos atuais 5,6 milhões de óbitos oficialmente registrados pelos países, de acordo com a plataforma Our World in Data, da Universidade Oxford, a pandemia já teria matado 12,8 milhões de pessoas até o momento.
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De acordo com a revista Nature, os dados coletados oficialmente apresentam uma série de falhas. Por exemplo, mais de 100 países não coletam estatísticas confiáveis sobre mortes esperadas ou reais. Ou não as divulgam em tempo hábil. É o caso do Brasil, inclusive, que vem apresentando números imprecisos sobre a covid desde dezembro. O Ministério da Saúde atribui o apagão de dados em função de um suposto ataque hacker ocorrido naquele momento.
Longe do fim
O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanon alertou na terça-feira (18) que a pandemia “não está nada perto de acabar”. Com rápido crescimento da ômicron em todo o mundo, “novas variantes devem surgir”, afirmou. Também disse que, até o momento, o número de mortes permanece estável, mas insistiu que não se trata de uma “boa notícia”. “Não se enganem, a ômicron está causando hospitalizações e mortes”, destacou. Além disso, ele também demonstrou preocupação com o avanço da doença entre profissionais da saúde.
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Por essas razões, o diretor da OMS voltou a chamar a atenção para a desigualdade no acesso às vacinas em todo o mundo. “Também permaneço muito preocupado sobre os diversos países com baixas taxas de vacinação, já que as pessoas estão sob um risco muito maior de evoluir para uma doença grave e à morte caso elas não estejam vacinadas”, declarou Adhanom, em entrevista coletiva.
Covid no Brasil
Com o avanço da ômicron, o Brasil teve registradas novo recorde de casos nesta quarta-feira (19). Foram 204.854 novas infecções em 24 horas. Assim, a média móvel de diagnósticos avançou para 99.974 a cada um dos últimos sete dias. Também é o maior índice desde o início da pandemia no país, em março de 2020. Os dados são fornecidos pelo boletim diário do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass).
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No mesmo período, 338 pessoas morreram pela covid-19, de acordo com os registros. Como resultado, são oficialmente 621.855 vítimas da doença no total. Com 212 óbitos na média móvel, o país registrou o maior índice desde o início de dezembro.