Medida básica de proteção, alvo de polêmica, símbolo político: a máscara contra a covid-19 protagoniza debates desde o início da pandemia. Embora as objeções ao uso do equipamento continuem sendo pauta, principalmente no discurso negacionista, a ciência do mundo todo alerta que ele é especialmente importante no momento atual.
Pesquisas indicam que os níveis de propagação da variante ômicrom demandam o uso em massa das máscaras e quanto mais protetoras, melhor. Na semana passada, o número de contaminações por dia no planeta bateu recorde e chegou a superar 3,6 milhões em 24 horas. O pior cenário até então havia sido registrado em 4 de janeiro, com 2,4 milhões de novos casos em um dia.
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“É inegável que a proteção respiratória é fundamental”, afirma a especialista em saúde coletiva, Beatriz Klimeck*. Ela pesquisa o uso do equipamento desde o início da pandemia e criou o canal @qualmascara nas redes sociais.
Beatriz pontua que, embora a ômicrom se espalhe mais rapidamente, as maneiras de contágio são as mesmas, portanto, os meios de proteção se mantêm e ressalta que as máscaras mais adequadas são as de alta defesa, como a PFF2/N95.
“Além de ela vedar bem o rosto, o material tem uma trama bem fechada e mais, ela tem uma camada eletrostática. Ela atrai as partículas que passaram pela trama para ela mesma e tem capacidade filtrante alta. Pelo valor, pela capacidade de reutilização, é a mais recomendada.”
Um estudo do Instituto de Física da Universidade de São Paulo (IF-USP) endossa a informação. A pesquisa indica que a proteção da PFF2 pode chegar a 98% . Já a capacidade das máscaras de tecido para filtrar partículas como o coronavírus varia entre 15% e 70%, por exemplo. Os equipamentos cirúrgicos, feitos de TNT têm eficiência de 80% a 90%.
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“Nós começamos a usar máscara de tecido, porque a pandemia começou de uma hora para outra e nós não tínhamos estoque”, lembra Klimeck. Para o momento atual, ela faz a ressalva, “A máscara de tecido tem uma trama maior e, com a lavagem, ela vai se abrindo, dando mais passagem para o ar."
As máscaras cirúrgicas de TNT também não são as mais recomendadas, "Só podem ser usada uma vez e tem um uso de quatro horas. Elas não ficam bem vedadas e é comum que perto do nariz e nas laterais do rosto haja ar saindo", explica a especialista.
Quem não consegue nenhum tipo de acesso a equipamentos do tipo PFF2 precisa ter atenção redobrada ao ajuste da máscara e a vedação do rosto. Beatriz Klimeck afirma que a possibilidade de uso de duas peças ao mesmo tempo, "uma máscara de tecido que vede bem e uma cirúrgica que filtra melhor", também é uma alternativa.
No entanto, ela reforça que os equipamentos de alta proteção e filtragem devem ser priorizados. Ela conta que é possível adquirir a PFF2 a preços acessíveis não só em farmácias, mas também pela internet e em lojas de material de construção e pintura.
“A gente pode tomar vinte doses de vacina, elas não vão impedir que a gente se contamine, elas impedem que a gente tenha casos graves. A única coisa que impede a gente de pegar sãos as medidas não farmacológicas, distanciamento, ventilação e a máscara" finaliza.
*Ouça a entrevista na íntegra no tocador de áudio abaixo do título desta reportagem.
Edição: Vinícius Segalla