O Brasil confirmou 97.986 novos casos de infecções pelo coronavírus nesta quinta-feira (13), cenário que não era observado desde junho do ano passado.
O ritmo de crescimento das infecções se intensifica sem parar há mais de três semanas, segundo dados do Conselho Nacional de Secretários de Saúde.
Desde 22 de dezembro, a média móvel de contaminados já cresceu quase vinte vezes. Antes do Natal, o resultado do cálculo, que leva em consideração os dados dos últimos sete dias, estava em torno de 3 mil.
Agora, a mediana ultrapassa 60 mil. Mais de 620 mil pessoas perderam a vida por causa da covid no Brasil. Nesta quinta, foram registrados 174 óbitos.
:: Passaporte vacinal, lockdown ou liberar tudo: qual a melhor política para conter a covid-19? ::
Os números reais podem ser ainda mais expressivos, já que o sistema de informações do Ministério Da Saúde está fora do ar há mais de um mês, o que prejudica os registros nos estados. Além disso, começam a faltar testes nas unidades de saúde, farmácias e laboratórios.
Nesse cenário, os níveis de ocupação de UTIS estão aumentando eM pelo menos nove unidades da federação, com alerta crítico ou intermediário para a lotação de leitos. Em quatro capitais, a demanda já atinge mais de 80% da capacidade.
Os dados foram divulgados no boletim do Observatório Covid-19, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). O documento aponta que Pernambuco, com 82% das vagas ocupadas, está na zona de alerta crítico.
Em situação intermediária estão Pará (71%), Tocantins (61%), Piauí (66%), Ceará (68%), Bahia (63%), Espírito Santo (71%), Goiás (67%) e o Distrito Federal (74%).
Entre as capitais, o cenário é ainda mais preocupante. Fortaleza tem 88% de ocupação, Recife 80%. Na região Sudeste, Belo Horizonte atingiu 84% da capacidade e no Centro-oeste Goiânia chegou a 94%.
Há seis cidades em alerta intermediário: Porto Velho (76%), Macapá (60%), Maceió (68%), Salvador (68%), Vitória (77%) e Brasília (74%) na zona e alerta intermediário.
:: Redução da quarentena pode potencializar crescimento da pandemia no Brasil ::
Ainda assim, o boletim pontua que a atual lotação de UTIS não pode ser comparada ao cenário observado no Brasil no primeiro semestre da 2021, pior momento da pandemia em solo nacional até agora. As internações estão ocorrendo em níveis mais baixos.
"Sem minimizar preocupações com o novo momento da pandemia, consideramos fundamental ratificar a ideia de que temos um outro cenário com a vacinação e as próprias características das manifestações da covid-19 pela Ômicrom", diz o texto.
"Por outro lado, não podemos deixar de considerar o fato de a ocupação de leitos de UTI hoje também refletir o uso de serviços complexos requeridos por casos da variante Delta e casos de Influenza", completa o alerta.
A Fiocruz apontou ainda que é preciso reorganizar a rede de atendimento, com foco não só na abertura de leitos, mas também nos desfalques que as equipes de saúde podem sofrer por causa das infecções, no teleatendimento, na atenção primária e no reforço da vacinação.
Edição: Leandro Melito