Em quatro dias, o número diário de casos de covid-19 registrados no Brasil aumentou 1.981%: saiu de 1.721 para 35.826, entre 2 e 6 de janeiro, segundo o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass). No mesmo período, a média móvel dobrou, de 7.685 para 15.670 casos registrados.
Os dados já apontavam para um aumento de casos dias antes. Após quatro semanas de queda no número de casos de covid-19, a última semana epidemiológica, entre 26 de dezembro e 1º de janeiro, registrou um aumento de 155,2% em relação à semana anterior. Em números absolutos, o país saiu de 22.283 para 55.881 casos.
Dois eventos estão atrelados ao aumento: a circulação da variante ômicron em território brasileiro e a realização de festas de fim de ano. Esses números podem ser ainda maiores em virtude do "apagão" de dados sobre a pandemia que deveriam ser fornecidos pelo governo Bolsonaro e que apresentam falhas desde setembro.
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Segundo o Instituto Butantan, a presença da variante ômicron aumentou 12 vezes em sete dias, em São Paulo, que concentra o maior número de casos e óbitos do país.
Na última terça-feira (4), o Hospital do Coração (HCor), em São Paulo, registrou a maior quantidade de atendimentos no pronto-socorro de sua história: 388 pacientes, dos quais 252 apresentaram síndrome gripal.
No Rio de Janeiro, as filas para atendimento em unidades particulares têm uma espera de pelo menos quatro horas, segundo uma projeção feita pela Associação de Hospitais do Estado do Rio de Janeiro (AHERJ). No Hospital Pró-Cardíaco, o crescimento já é de 120% neste mês em relação ao anterior, segundo um levantamento feito pela CNN Brasil.
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Nas farmácias, a propagação da variante ômicron e do vírus Influenza H3N2 também levou ao aumento na procura por testes RT-PCR para covid-19. Na última semana de dezembro, aumentou 30% nos laboratórios particulares do país, segundo a Associação Médica de Medicina Diagnóstica (Abramed).
Ômicron é mortal
Nesta semana, a Organização Mundial da Saúde (OMS) informou que o número global de casos de covid-19 em 71%, na semana do ano novo. Somente nas Américas, subiu 100%. Cerca de 90% dos casos graves registrados são em pessoas que não foram vacinadas.
O diretor da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, ainda afirmou que a variante ômicron apresenta menor probabilidade de causar casos graves como as cepas anteriores. Ainda assim, a nova versão do vírus está sobrecarregando as unidades de saúde e “matando pessoas”.
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“Embora a ômicron pareça ser menos grave em comparação com a delta, especialmente entre os vacinados, isso não significa que ela deva ser classificada como branda. (...) Assim como as variantes anteriores, a ômicron está hospitalizando e matando pessoas. Na verdade, o tsunami de casos é tão grande e rápido que está sobrecarregando os sistemas de saúde em todo o mundo”, afirmou.
Nesta quinta (6), o mundo registrou mais de 2,5 milhões de casos pelo quarto dia seguido. Antes da propagação da ômicron, o recorde de casos diários era de 905 mil, registrados em 25 de abril de 2021. No total, são mais de 13 milhões de infectados nos últimos sete dias.
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Edição: Vivian Virissimo