O Ministério Público do Peru abriu uma investigação preliminar contra o presidente Pedro Castillo. A Procuradora-geral Zoraida Ávalos acusa o chefe de Estado de ter exercido tráfico de influência e conluio na concessão de licitação de obras, aquisição de biodiesel e promoção de militares.
Ávalos acusa Castillo de ter atuado para garantir a licitação da construção de uma ponte sobre o rio Huallaga, cidade de San Martín, ao consórcio Ponte Tarata III. A denúncia se baseia em reuniões do mandatário com Karelim López Arredondo, assessora de uma das empresas e esposa do ex-secretário da presidência, Bruno Pacheco.
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O outro caso seria a compra indevida de biodiesel no valor de US$ 74 milhões (cerca de R$ 407 milhões) da empresa Heaven Petroleum Operator, também assessorada por Arredondo, para a estatal PetroPeru.
As únicas evidências apresentadas pela procuradora são reuniões de Karelim López Arredondo com o presidente peruano na sua casa em Sarratea, região metropolitana de Lima. Avalos é a mesma procuradora que acusou Martín Vizcarra de tráfico de influência, o que levou à destituição do então presidente peruano.
Por fim, a procuradora acusa Castillo de ter influenciando na escolha dos militares que seriam promovidos no final de 2021.
O presidente peruano assegurou estar disposto a dar detalhes sobre todas as reuniões que estabeleceu fora da sede do governo.
De acordo com a Constituição peruana, um presidente em exercício só pode ser julgado por crimes de traição à pátria, por dissolver o Congresso, impedir o funcionamento do poder eleitoral ou a realização de eleições. Portanto a investigação poderá avançar, mas só culminará no impeachment ou julgamento de Castillo caso o Parlamento aprove sua destituição do cargo.
Em entrevistas a meios locais, magistrados peruanos acusam a procuradora de perseguição judicial e política, já que anunciou a abertura de uma investigação preliminar com poucas evidências e assegurou que só irá concluir o caso após o fim do mandato de Castillo, em 2026.
O Peru, assim como o Brasil, teve a política atravessada pela judicialização através da Operação Lava Jato, que investigou a relação de suborno da construtora Odebrecht com três ex-presidentes: Alejandro Toledo (2001-2006), Alan García (2006-2011) e Ollanta Humala (2011-2016).
Edição: Thales Schmidt