A escolha do momento - a transição entre 2021 e 2022 - não foi à toa. Os entregadores de aplicativos de Mauá, cidade da região metropolitana de São Paulo, estão em greve por melhores condições de trabalho e afirmam que o período é de alta demanda por entregas. As principais empresas alvo da mobilização são o iFood e o UberEats.
Iniciada na quarta-feira (29) e com término ainda não previsto, a paralisação tem como reivindicação principal o aumento da remuneração pelo trabalho.
“As taxas são baixas e promoção quase nunca tem, só em data comemorativa”, explica ao Brasil de Fato Wesley de Lisboa, um dos grevistas. A taxa mínima por entrega paga pelo iFood é de R$5,31 e promoções são valores extras temporários pagos por corrida, uma espécie de bônus. “Aqui em Mauá pode cair o mundo, que não tem promoção”, aponta.
Apesar do ano novo, os trabalhadores afirmam que vão seguir de braços cruzados, justamente como forma de pressão contra os apps de delivery.
Ao citar o crescente preço da gasolina e a necessidade de rodar muitos quilômetros para conseguir juntar uma renda boa, Wesley afirma que a categoria é bastante crítica às condições de trabalho as quais está submetida.
Renan faz entregas com sua moto em Mauá e também está participando da mobilização. "Paralisamos o Shopping Mauá e todas as lojas do McDonald’s", conta.
"Infelizmente minha conta está zerada, só eu sei o que estou passando, mas sei que é por uma boa causa. A gente não quer nada demais: só queremos melhoria e igualdade", afirma Renan.
"A gente trabalha faça chuva ou faça sol, correndo risco de vida", descreve. Se referindo aos donos das empresas de app, Renan diz achar “que eles esquecem que a gente tem família dentro de casa, que nem eles. É fácil não olhar para o lado quando o bolso está cheio”.
"A gente vai mostrar nossa força, bater o pé no chão e mesmo que a gente passe necessidade, vamos segurar", ressalta Renan, concordando com o que afirma Wesley: “Pretendemos continuar com essa manifestação até alguém do iFood entrar em contato conosco”.
Edição: Rodrigo Durão Coelho