“Sabe quando cada um vai para o seu time jogar? E depois se junta para jogar na seleção? É tipo isso”, Edi Rock comenta com KL Jay, enquanto dirige o carro. “Aí volta pesadão”, concorda o DJ. E assim foi. O vídeo com essa troca de ideia abriu a live dos Racionais MC’s, que juntou mais uma vez a seleção composta por eles dois, Mano Brown e Ice Blue, na noite de terça-feira (14).
Para quem está sentindo falta de ver um show do mais conhecido grupo de rap do Brasil, a live ameniza a saudade. Com participação do rapper Helião, do RZO, os Racionais cantaram das clássicas Eu sou 157 e Negro Drama a músicas mais recentes como Homem Invisível e Mil Faces de Homem Leal, que homenageia Marighella.
E foi na transição de Vida Loka parte 1 para parte 2 que, em cima de uma moto, entra em cena Paulo Lima, mais conhecido como Galo. Fundador dos Entregadores Antifascistas, Galo ganhou visibilidade ao se engajar na luta contra apps de delivery por melhores condições de trabalho.
Brown e Galo cantaram Vida Loka Parte 2 em momento em que o iFood realiza, a portas fechadas e com cerca de 30 entregadores escolhidos pela empresa, um Fórum Nacional para supostamente discutir as demandas da categoria.
Ao mesmo tempo, as cidades de Carapicuíba e Barueri, na região metropolitana de São Paulo, onde "Deus é uma nota de 100", vivem desde segunda-feira (13) uma greve de entregadores de apps. O breque - que demanda, entre outras pautas, o aumento da taxa mínima por entrega - não tem data para acabar.
“Realizei meu sonho”, Galo postou a respeito da sua participação. Não foram poucas as vezes em que, em entrevistas, ele citou o hip hop e em especial os Racionais como fundamentais para a sua formação política. “Cada CD do Racionais é uma aula de consciência de classe, consciência racial”, resumiu em uma fala à Revista Trip.
Um dia sonhei em ser o maior Rapper do mundo e me tornei daquilo que me tornei. Gratidão especial há @manobrown @edirock @kljaydeejay @IceBlueOficial @RACIONAISCN. Realizei meu sonho não vou ter como agradecer a altura nunca.
— Galo (@galodeluta) December 14, 2021
Foto @jefdelgado pic.twitter.com/1CheoIYAuQ
Este ano, Galo foi preso por integrar o grupo Revolução Periférica, que assumiu a autoria do protesto coletivo que incendiou a estátua do bandeirante Borba Gato. Entre artistas e movimentos sociais que demandaram a liberdade de Galo, sua esposa Gessica e do ativista Biu, esteve Mano Brown.
Com diferentes cenários e efeitos cinematográficos, a live fez parte da iniciativa do YouTube Musica com a Rede Brasil do Pacto Global da ONU. O projeto tem o objetivo de arrecadar fundos, dar visibilidade aos impactos da pandemia e às esferas de atuação das Nações Unidas relacionadas à fome, saúde e educação.
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Edição: Leandro Melito