O governo da China condenou nesta segunda-feira (13/12) a declaração final do encontro dos chanceleres do G7, ocorrida no fim de semana em Liverpool, e disse que o grupo "divide o mundo" e "interfere nos assuntos internos" de Pequim.
Um dos porta-vozes do Ministério das Relações Exteriores, Wang Wenbin, pediu para que o grupo e a União Europeia "abandonem a mentalidade da Guerra Fria, corrijam a prática de traçar linhas ideológicas, pratiquem o verdadeiro multilateralismo, façam alguma coisa útil para manter a unidade internacional e respondam conjuntamente aos desafios globais ao invés de dividir o mundo".
A resposta dos chineses veio após a declaração final do encontro entre os chanceleres da França, Canadá, Alemanha, Itália, Japão, Reino Unido e Estados Unidos. No documento, o G7 afirmou que há preocupação pelas "políticas econômicas coercitivas" de Pequim em relação, especialmente, a Hong Kong e Xinjiang, nos mares do Leste e do Sul da China".
Wang afirmou que a posição do país "sobre Hong Kong, Xinjiang, Taiwan e sobre questões marítimas do Indo-Pacífico sempre foi clara: nós nos opomos com força à interferência do G7 nos assuntos internos da China, difamando a nossa imagem e nossos interesses".
O representante de Pequim ainda destacou que Estados Unidos e Reino Unido deveriam prestar mais atenção aos efeitos da pandemia de covid-19 em suas nações ao invés de se preocupar com os assuntos chineses. As duas nações citadas especificamente enfrentam uma intensa nova onda de casos e de mortes na pandemia.
G7 também ataca Rússia
O grupo ainda se voltou contra a Rússia, afirmando que Moscou planeja uma ofensiva bélica contra a Ucrânia. "A Rússia não deve ter dúvidas sobre o fato de que uma nova agressão militar contra a Ucrânia teria enormes consequências e graves custos como resposta. [...] Condenamos a presença militar russa na fronteira e a retórica agressiva na relação com a Ucrânia", diz um trecho do comunicado final.
A nota ainda ressalta que o G7 e a União Europeia dão amplo apoio "à soberania e à integridade territorial da Ucrânia bem como ao direito de qualquer Estado soberano de determinar o seu próprio futuro".
Os chanceleres ainda reforçam que continuam a apoiar que a França e a Alemanha sigam com o esforço "no formato Normandia parar obter a plena aplicação dos acordos de Minsk com o objetivo de resolver o conflito na Ucrânia oriental".
Os dois países europeus, desde 2014 quando a crise acentuou, atuam como mediadores da crise com os russos. À época, quando Moscou anexou o território da Crimeia e deu seu apoio às tropas separatistas na região de Donbass, foram os dois países que conseguiram frear os conflitos bélicos diretos, apesar da situação nunca mais ter se normalizado.
Nas últimas semanas, porém, a crise voltou a se ampliar com as denúncias dos ocidentais de que a Rússia tem destacado uma grande quantidade de tropas para a fronteira com a Ucrânia.
O presidente russo, Vladimir Putin, por sua vez, negou que tenha intenções de fazer um conflito com "qualquer nação", mas disse que precisava "garantir a segurança" do seu território.
Um dos principais motivos pelo aumento da crise é uma possível adesão de Kiev à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), vista como "inimiga" por Moscou.
*Com Ansa