Em seis dias o Chile irá definir quem será seu próximo presidente. Gabriel Boric, da chapa de esquerda "Aprovo Dignidade", desponta como favorito nas pesquisas de opinião, com 54% das intenções de voto frente a 46% do conservador José Antonio Kast, do Partido Republicano.
Nessa reta final de campanha, Boric aposta em comitês locais de campanha para mudar o resultado do primeiro turno, que deu vitória a seu oponente. Assim, ações porta a porta e em estações de transporte público ocorrerão até o encerramento oficial de campanha, que acontecerá na quinta-feira (16), no Parque Almagro, centro da capital Santiago.
Estamos en los últimos días de campaña y te necesitamos más que nunca. Súmate a nuestras actividades, tenemos hasta el jueves para convencer a tu vecino o resolver las dudas que tus tías tienen sobre nuestro programa. De ti depende. El 19 de diciembre #VotaUNO pic.twitter.com/cIu57TFPMX
— Gabriel Boric Font (@gabrielboric) December 13, 2021
Um dos fundadores do Grupo de Puebla, Marco Enríquez-Ominami (Partido Progressista do Chile - PRO), sexto colocado nas eleições de 21 de novembro, declarou apoio, somando parte de suas propostas de campanha ao programa de Boric.
Boric também recebeu apoio da ex-candidata Yasna Provoste (Partido Democrata Cristão), quinta colocada no 1º turno, representante dos partidos da chamada Concertação - aliança entre o Partido Socialista, Partido da Democrata Cristão, Partido pela Democracia e Partido Radical Social Democrata, que governou o país entre 1990 e 2010.
A ex-presidenta e atual Alta Comissária para os Direitos Humanos da ONU, Michelle Bachelet, chega ao país esta semana para, segundo seus correligionários do Partido Socialista, declarar apoio ao candidato progressista.
Considerado um representante da "Nova Concertação", Gabriel Boric, advogado, com 35 anos de idade, poderá tornar-se o presidente mais jovem da história do Chile.
Natural de Punta Arenas, o atual deputado pela região de Magallanes e Antártida chilena iniciou sua vida política no movimento estudantil como conselheiro da Federação de Estudantes da Universidade do Chile (Fech), em 2008. Foi um dos protagonistas das maiores manifestações estudantis da história chilena, em 2011, contra a privatização das universidades - uma das heranças da ditadura e do programa neoliberal de Augusto Pinochet.
Em 2014, foi eleito para seu primeiro mandato pelo partido Esquerda Autônoma e reeleito com 18,6 mil votos, sendo um dos mais votados pela coalizão de organizações de esquerda, Convergência Social, em 2017.
Boric foi um dos representantes que assinou acordo com o governo de Piñera, que previa paralisar as manifestações iniciadas em outubro de 2019 em troca da realização de um referendo popular pela Constituinte.
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Em maio deste ano, disputou as eleições primárias pela Frente Ampla, quando venceu o candidato do Partido Comunista, Daniel Jadue.
Entre as suas propostas está a criação de um sistema universal de saúde e a estatização do sistema de previdência, acabando com o modelo atual de financeirização das pensões pelas Agências de Fundos de Pensões (AFPs). Além disso, menciona uma pensão de US$ 296 (cerca de R$ 1628) a todos maiores de 65 anos e a diminuição da jornada de trabalho a 40h semanais.
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Para a mineração - que aporta 15% do PIB e representa 60% das exportações chilenas - Boric propõe a criação de royalties sobre as empresas transnacionais e do setor privado que busquem extrair cobre, lítio e outros minerais no território chileno.
No entanto, para garantir alianças mais amplas no 2º turno, Gabriel Boric recuou na sua proposta de Reforma Tributária, diminuindo o plano de aumento da arrecadação a 5% de imposto sobre a renda (a proposta anterior era de 8% de aumento).
Edição: Arturo Hartmann