CRISE MIGRATÓRIA

Cerca de 500 pessoas da caravana migrante chegam à Cidade do México em rota rumo aos EUA

Grupo partiu há 50 dias da fronteira sul do México com cerca 2500 pessoas, mas se dispersou durante trajetória

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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Imigrantes centro-americanos assinaram acordo com autoridades mexicanas para permanecer no país enquanto esperam asilo aos EUA - Arquivo / Paul Ratje / AFP

Nesta segunda-feira (13), chegou à Cidade do Mexico o primeiro contingente da caravana migrantes que partiu do estado Chiapas, no dia 23 de outubro com cerca de 2.500 centro-americanos. Sem números oficiais, a ONG Povos sem Fronteiras estima que cerca de 500 pessoas, a maioria jovens e mulheres, acampam em frente à Basílica de Guadalupe, na capital mexicana. 

O fenômeno das caravanas migrantes iniciou em outubro de 2018,  com um grupo que partiu da cidade de San Pedro Sula, em Honduras. Somente em 2021, já houve outras duas caravanas com milhares de cidadãos centro-americanos que atravessa os países da América Central e o México em busca de melhores condições de vida.

Foram 50 dias de travessia desde a fronteira sul do país. Na última semana, 55 pessoas que acompanhavam a caravana faleceram e outras 105 estão feridas após um acidente de trânsito no estado Chiapas, fronteira com a Guatemala. O caminhão que transportava as pessoas capotou. Os governos do México, Guatemala, Equador, Honduras, República Dominicana e Estados Unidos declararam que iriam acionar a justiça contra traficantes ilegais, supostos responsáveis por transportar os imigrantes que faleceram.

Outras 20 pessoas terminaram feridas fruto da repressão da polícia mexicana, tentando impedir o avanço da caravana. Segundo o governo da capital, os policiais tentavam desviar a caravana para albergues que haviam sido preparados pela administração local, no entanto o grupo preferiu seguir até a Basílica de Guadalupe. 

De acordo com o Instituto Nacional de Migração, entre janeiro e outubro deste ano, 228 mil imigrantes ingressaram ao país, deste total, 123 mil solicitaram refúgio - o maior número dos últimos 15 anos.

Após solicitação do governo mexicano, a Casa Branca retomou o financiamento do Programa de Proteção aos Imigrantes "Quédate en México" (Fique no México), que fez parte dos acordos bilaterais entre o presidente Andrés Manuel López Obrador e Donald Trump, em 2017. A gestão de AMLO aceitou ser uma barreira para imigração indesejada aos EUA, oferecendo asilo e emprego aos imigrantes centro-americanos. 

A versão democrata do Programa, lançada no dia 6 de dezembro, assegura garantir acesso por telefone a advogados para todos os solicitantes de asilo.

O pacto, no entanto, também prevê deportações aos países de origem, enquanto os imigrantes solicitam ingresso legal ao território estadunidense. Somente em 2021, 82.627 imigrantes foram expulsos do México. "O objetivo central é melhorar as condições das pessoas imigrantes de maneira substantiva, permitir um processo de asilo nos Estados Unidos e velar pelos seus direitos", declarou em vídeo o representante para América do Norte da Secretaria de Relações Exteriores, Roberto Velasco.

Cidadãos do Triângulo Norte Centro-Americano (Guatemala, Honduras e El Salvador) representaram 71% dos detidos na fronteira estadunidense. Os principais motivos para abandonar as nações de origem são a violência, pobreza e desemprego.

De acordo com a Universidade de Texas, existem 26.500 pedidos de asilo registradas em oito cidades mexicanas fronteiriças, esperando por aprovação.

No dia 23 de novembro, o Instituto Nacional de Migração divulgou que havia assinado um acordo com os membros da caravana, que partiu no dia 23 de outubro de Tapachulas, estado de Chiapas, para proceder à normalização da situação dos imigrantes e sua posterior interiorização no território mexicano. 

Edição: Anelize Moreira