No último 13 de outubro, um grupo de 2 mil hondurenhos abandonou seu país com o objetivo de chegar nos Estados Unidos.
O grupo de migrantes, após 25 dias, cresceu após passar pela Guatemala e El Salvador, e agora são cerca de 7 mil centro-americanos marchando em direção ao gigante norte-americano.
A caravana avança, às vezes a pé, às vezes em balsas, e mais de uma vez, foi alvo de ameaças e de repressão policial. Além disso, os migrantes estão expostos a doenças e algumas mortes foram registradas durante o trajeto.
Por que os centro-americanos escolheram este destino?
Líderes da América Latina e analistas internacionais apontam os Estados Unidos como o principal responsável pelos problemas que obrigam os migrantes dos países da América Central a migrarem em massa. Eles afirmam que o país norte-americano causa a destruição dos recursos naturais dessas nações e promove a instauração de governos neoliberais, o que coloca a população desses países em uma situação social de vulnerabilidade, obrigando-os a abandonar seus territórios forçadamente.
“[Donald] Trump anunciou o envio de tropas para impedir que a caravana de migrantes entre nos EUA. São milhares fugindo da violência e da miséria que o capitalismo semeou em seus países”, declarou o presidente da Bolívia, Evo Morales, em sua conta no Twitter.
“O problema é o colonialismo permanente e saqueador que há em Honduras”, comentou o analista internacional Itzamná Ollantay sobre o caso. Ele complementa que os migrantes respondem a seu “instinto de sobrevivência” e por isso empreendem um “êxodo quase apocalíptico em direção ao falacioso paraíso terreno do Norte”.
As caravanas de migrantes centro-americanos não são um fenômeno recente. De fato, ganharam uma importância maior nos anos 1980, momento que coincide com o apoio dos Estados Unidos aos exército e forças repressivas da América Central.
“Desde o começo do século XX, a Casa Branca envia a marinha estadounidense para defender seus interesses nessa região da América”, recorda Ángel Guerra, analista internacional do jornal mexicano La Jornada. Ele também pontua que a gênese da caravana de migrantes é uma consequência direta da “aplicação rigorosa” de políticas neoliberais na região.
“Os governos satélites do imperialismo oferecem todas as facilidades para as empresas transnacionais e seus planos expansionistas, acelerando a destruição dos recursos naturais e a superexploração da força de trabalho”, destaca.
A reação do Norte
Apesar das acusações que recaem sobre os Estados Unidos, o país se mantém firme em relação ao fechamento de suas fronteiras e à “tolerância zero” em relação à migração, considerada ilegal.
O atual governo de Donald Trump ameaçou enviar tropas e retirar a ajuda e o financiamento aos países da América Central se a caravana continuar avançando.
“Não haverá mais nenhuma ajuda se a caravana não se detiver. Os Estados Unidos não vão tolerar este flagrante desrespeito das nossas fronteiras e da nossa sobrenia”, declarou o vice-presidente do país, Mike Pence.
Dados
- O território de Honduras tem 112 mil km² e conta com 35 bacias hidrográficas, além de grandes reservas de ouro, prata, ferro e outros minerais.
- Honduras tem uma população de 9 milhões de pessoas.
- O país vivenciou um golpe de Estado em 2009, com a posterior instauração de um governo falido e promovido pelos Estados Unidos.
- Entre 2009 e 2018, o índice de pobreza em Honduras aumentou de 58% para 68%.
- Em 2017, a reeleição do atual presidente Juan Orlando Hernández, do Partido Nacional de Honduras, de orientação direitista, foi alvo de denúncias de fraude e não houveram reações internacionais de não-reconhecimento do governo.
- Honduras sedia três bases militares dos Estados Unidos, mas é um dos países mais violentos do mundo.
- Em 2017, a Organização Internacional de Migrações, da ONU, informou que 450 mil migrantes, a maioria da América Central, cruzam o México todos os anos em direção aos Estados Unidos.
Edição: teleSUR | Versão para o português: Luiza Mançano