Intolerância

Símbolo da luta antimanicomial é vandalizado em Curitiba

Arte com o título “Vidas Lokas importam” foi danificada pela segunda vez, menos de três meses após restauração

Curitiba (PR) |
No muro, a tentativa de apagamento do grafite "Vidas lokas importam" - Reprodução CRP-PR

Uma arte que simboliza a luta antimanicomial no Brasil, movimento pelos direitos das pessoas em sofrimento mental, foi vandalizada em Curitiba, pela segunda vez.

O grafite, feito no muro da sede do Conselho Regional de Psicologia do Paraná (CRP-PR), situada no bairro Cristo Rei, retrata a exclusão, estigmas e preconceitos enfrentados por pessoas que, durante séculos, foram submetidas a tratamentos supostamente curativos, porém degradantes, oferecidos pelos manicômios, hospícios ou similares.

Propositalmente desenvolvida em dimensões que pretendem chamar a atenção de quem passa por ela, a arte busca ampliar as reflexões sobre a saúde mental. Sob o título “Vidas Lokas importam”, o objetivo é prestar um tributo às pessoas consideradas descartáveis e improdutivas do ponto de vista social e econômico vigente, categorizadas como inaptas para a produção de trabalho ou de capital.

De acordo com o psicólogo Pedro Braga Carneiro, a recorrente tentativa de apagamento da arte mostra que vidas consideradas loucas incomodam, assim como a estética tida como periférica, porque são divergentes e diversas daquilo que usualmente se diz ser normal.

“É impactante perceber que há quem se sinta no direito de atropelar e passar por cima do que considera incômodo, feio ou inadequado. É justamente dessa incapacidade de convivência com as diversidades de estilo, de ser e de estar que a campanha fala: da necessidade de aprimorar nossa capacidade de convívio com as diferenças para viver de forma saudável em sociedade”, avalia o profissional, que também é conselheiro do CRP-PR.

Nos próximos dias, o grafite deve passar por uma nova restauração.

Fonte: BdF Paraná

Edição: Lia Bianchini