A nova variante B.1.1.529, batizada de ômicron pela Organização Mundial da Saúde (OMS), foi descoberta em 11 de novembro de 2021 em Botsuana, que faz fronteira com a África do Sul, onde a cepa também foi encontrada. Neste país, os registros ocorreram principalmente nas cidades de Joanesburgo e Pretória, na província de Gauteng, onde a incidência da covid-19 está bastante alta.
Cientistas estimam que até 90% dos novos casos de coronavírus em Gauteng estejam associados à variante ômicron. Eles acreditam ainda que a cepa já se espalhou para outras oito províncias sul-africanas.
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Mais de 20 países em outras partes do mundo já confirmaram casos da nova variante, inclusive o Brasil e vários na Europa.
Para tentar conter a disseminação do vírus, diversos países, entre eles os EUA, todos os 27 membros da União Europeia (UE) e o Brasil, impuseram restrições para viagens com origem na África do Sul e vizinhos. Japão e Israel chegaram a fechar suas fronteiras paras estrangeiros.
Quão perigosa é a nova variante?
Pesquisadores estão preocupados com o fato de a ômicron conter um número considerado extremamente alto de mutações do coronavírus. Eles encontraram 32 mutações na chamada proteína "spike" (S), que o vírus usa para se prender a células humas e infectá-las. Na variante delta, considerada altamente infecciosa, foram encontradas oito mutações.
Ao mesmo tempo que o número de mutações nessa proteína não é uma indicação exata do quão perigosa a variante pode ser, isso sugere que o sistema imunológico humano pode ter maior dificuldade em combater a nova variante. Há indicações de que a ômicron possa escapar das respostas imunológicas do corpo humano.
O biólogo molecular Ulrich Elling, do Instituto de Biotecnologia Molecular de Viena, especializado em sequenciamento do coronavírus e detecção de novas variantes, afirmou à DW que as primeiras estimativas indicam que a ômicron "pode ser 500% mais infeciosa que a delta", a variante dominante atualmente no mundo.
Infecções com a nova variante não necessariamente são mais graves do que as com cepas anteriores. Mas há sinais de que a ômicron se dissemina mais rapidamente, o que pode sobrecarregar sistemas de saúde.
Como reagiu a OMS?
No dia 26 de novembro, a Organização Mundial da Saúde (OMS) classificou a a B1.1.529 como "variante de preocupação" (variant of concern – VOC) e a nomeou de ômicron, seguindo a tendência de batizar as variantes do coronavírus Sars-Cov-2 com letras do alfabeto grego.
Nesta segunda-feira (29/11), a OMS afirmou que a ômicron representa um risco global muito alto, apontando que a cepa apresenta mutações preocupantes, provavelmente se espalhará internacionalmente e pode ter consequências graves.
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A agência ressaltou, no entanto, que são necessários mais estudos sobre o potencial de a nova variante escapar da imunidade induzida tanto por vacinas quanto por infecções anteriores e que ainda não foram registradas mortes ligadas à cepa.
Num relatório publicado em 28 de novembro, a OMS afirmou que "apesar de incertezas, é razoável pressupor que as vacinas atualmente disponíveis oferecem proteção contra casos graves e mortes" no caso de uma infecção pela variante ômicron.
Como a nova variante se desenvolveu?
Uma teoria é que ela tenha emergido com todas as suas mutações de uma única vez.
O professor Francois Balloux, especialista em sistemas biológicos computacionais da University College de Londres, afirmou que é possível que o vírus tenha sofrido mutação durante uma infecção crônica em um indivíduo, cujo sistema imunológico estivesse já enfraquecido por outra infecção com o vírus HIV.
Mas, até o momento, isso é somente especulação.
Há alguma conexão com a variante beta?
Em todo o continente africano, a África do Sul foi o país mais atingido pelo coronavírus, com mais de 3 milhões de casos de covid-19 e em torno de 90 mil mortes em decorrência do vírus.
O alto número de mortes no país é atribuído à variante C.1.2, batizada de beta e qualificada pela OMS como variante de preocupação por causa da alta transmissibilidade e por ser mais resistente às vacinas.
Mas a variante delta, mais agressiva, superou de longe a beta na África do Sul, assim como no resto do mundo.
É possível deter a nova variante?
Os vírus e suas variantes não respeitam fronteiras nacionais. Mas é possível retardar a disseminação da nova variante restringindo o transporte aéreo, por exemplo, o que vários países já fizeram.
As restrições de viagem podem ajudar a diminuir as transmissões, mas, o fato de os primeiros casos em Botsuana terem sido detectados em meados de novembro faz com que seja concebível que a ômicron tenha sido transportada para vários outros países desde então.