A exibição no Teatro Municipal Severino Cabral, organizada pelos movimentos sociais populares e articulado pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) tem importante significado histórico para a cidade e repõe Campina Grande nos trilhos de sua bela história política de resistência.
Campina Grande hoje dominada pela extrema direita, conservadora, de perfil bolsonarista-fascista, já foi espaço da resistência e das lutas democráticas contra as ditaduras instauradas no país.
A cidade sempre que pôde votar derrotou os candidatos e os partidos do regime autoritário. Aqui, nas eleições de cargos federais, foi o sepulcro da ARENA e do PDS. Destacávamo-nos no Nordeste como cidade da resistência política contra a ditadura.
Veja também:
Foi no palco do nosso Teatro, lotado, com público que não cabia sentado às cadeiras, por isso, espalhando-se pelas passarelas do piso, que em 1979 fizemos grandes atos de denuncias das arbitrariedades, das torturas e dos crimes cometidos pela ditadura militar.
Atos organizados por um dos primeiros comitês pela Anistia no Brasil, nascido aqui em Campina Grande, no Campus II da UFPB, hoje UFCG.
:: "As pessoas veem na luta de Marighella a sua luta no Brasil de hoje", diz Wagner Moura ::
Aqui ouvimos atentos e indignados, de juristas e religiosos de reconhecimento nacional denuncias dos crimes hediondos da Ditadura.
Foi nesse Teatro que fizemos ato de solidariedade a luta anti-imperialista latino-americana, de apoio a Cuba Socialista; e de apoio a Revolução Sandinista na Nicarágua.
Esse teatro em uníssona voz gritou alto “Abaixo a Ditadura de Somoza”, “Viva a Frente Sandinista”, “Abaixo a Ditadura Militar”.
Nesse Teatro criamos o Comitê: “Contra a fome, a carestia e o desemprego”. Daqui saímos em “brigadas” para pichar a cidade com os dizeres: “Contra fome, a carestia e o desemprego – Abaixo a Ditadura”.
Nesse Teatro ecoamos palavras de ordem: “arroz, feijão, saúde e educação”; “Vai avançar, vai avançar, o Movimento Popular, pra derrubar, pra derrubar, a Ditadura Militar”.
Nesse Teatro entoamos com grandes artistas, cantores da música popular brasileira, canções de guerras e esperança.
Certa vez, em período eleitoral, o show de um famoso cantor paraibano foi interrompido com o grito de esperança da época: “Olê, olê, olê, olá: Lula Lula”. Foi lindo.
:: Lula dispara, ultrapassa Bolsonaro e venceria em todos os cenários, aponta Paraná Pesquisas ::
Por toda essa simbologia e pelo momento de ameaça autoritária em nossa nação e cidade é importante reunir neste Teatro Municipal de Campina Grande, as vozes, as mentes e os corações da esperança e resistência que lutam, para ver Marighella. Respirar a atmosfera da esperança juntos, reunidos para recarregar nossas energias para importantes e decisivas lutas que se aproximam.
Marighella, presente! Viva o 20 de novembro, dia da consciência negra. Venceremos!
*Jonas Duarte é professor do Departamento de História - CCHLA/UFPB. Pesquisador Visitante no INSA - Instituto Nacional do Semiárido.
**Este é um artigo de opinião. A visão da autora não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato PB.
Fonte: BdF Paraíba
Edição: Heloisa de Sousa