CHAVISMO X OPOSIÇÃO

Venezuela tem processo de votação para governos estaduais e municipais sem intercorrências

Neste domingo (21), 21 milhões de venezuelanos foram às urnas eleger governadores, deputados, prefeitos e vereadores

Brasil de Fato | Caracas (Venezuela) |
O voto é facultativo na Venezuela e cerca de 21 milhões de venezuelanos são convocados a participar do processo eleitoral deste domingo (21) - Michele de Mello / Brasil de Fato

A Venezuela realizou neste domingo (21) processo eleitoral para 23 governadores, 335 prefeitos, além de 2,7 mil vereadores e deputados estaduais, numa jornada de 12h de votação (6h - 18h). O processo, acompanhado por mais de 200 observadores, transcorreu com tranquilidade, segundo o poder eleitoral. 

"Cada voto que se emite é um direito de paz", afirmou o presidente do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), Pedro Calzadilla.

A declaração pode ser entendida no contexto de uma denúncia do governo, dez dias antes da eleição, sobre uma tentativa de incêndio da sede do poder eleitoral para impedir o processo. O caso aumentou a preocupação sobre novos focos de violência, por isso cerca de 350 mil efetivos da Força Armada Nacional Bolivariana (Fanb) foram destinados para acompanhar as zonas eleitorais e instituições públicas do país.

Além disso, 1.100 funcionários do Ministério Público fiscalizaram os locais de votação, da mesma forma que 5.530 membros da Controladoria Social.

:: O que está acontecendo na Venezuela? Veja cobertura completa :: 

"Nós vamos dizer amanhã a todo o país sobre qualquer tipo de problema que possa ter sido registrado, mas até agora não houve nenhuma irregularidade", afirmou o presidente do organismo José Arrocha no fim da tarde de Caracas.

As eleições regionais deste domingo contam com mais de 70 mil candidatos, sendo 80% de oposição. Após seis anos boicotando processos eleitorais, esta é a primeira vez em que todos os setores opositores decidiram participar.

O presidente Nicolás Maduro, ao votar na tarde de domingo, disse que o país estava "elegendo como a Constituição manda, o que surgir daqui será bom e fortalecerá o diálogo político, a governabilidade, e a capacidade para enfrentar problemas, conseguir soluções". 

Já o opositor Juan Guaidó também convocou os venezuelanos a votar, afirmando que era momento de "unificar a luta para recuperar a democracia". 

O voto é facultativo e a Venezuela foi o primeiro país da América Latina a automatizar a votação, o que faz com que possa exercer a escolha em menos de 5 minutos. Além do resultado eletrônico, também é impresso um comprovante para a auditoria do voto no papel.

"A participação tem fluído bem porque o processo de votação é bastante rápido e fácil. A comunidade está participando paulatinamente", comenta Ismary Rojas, Líder comunitária da região de La Candelaria, centro-oeste de Caracas.

Com a atualização do registro eleitoral, cerca de 350 mil venezuelanos puderam votar pela primeira vez neste domingo, somando um total de 21 milhões de eleitores.

"Todas as pessoas deveriam exercer seu direito ao voto. É muito importante para que cada um possa decidir o caminho do país. Aquele que não vota não deveria ter direito a opinar sobre nada", comenta a enfermeira Nayre Padrón Angulo, eleitora da comunidade de La Pastora, zona oeste da capital venezuelana.

Apesar da tranquilidade na votação, o processo pode ser estendido por algumas horas para que todos possam votar devido à existência de filas em alguns colégios eleitorais.

O partido governante PSUV é considerado favorito tanto para ocupar as prefeituras, como para governos locais. Os primeiros resultados devem ser divulgados a partir das 22h hora local (23h no horário de Brasília).

Edição: Arturo Hartmann