"Viva Môa"

Mestre Môa do Katendê recebe homenagem em videoclipe feito por blocos de carnaval de rua

Composto por mestre Gafanhoto, o hino ao capoeirista - assassinado em 2018 - é lançado na data em que faria 67 anos

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

Ouça o áudio:

Mestre Môa do Katendê ao lado de seu amigo de longa data e compositor da homenagem, mestre Gafanhoto - Isabella Rudge

“Viva Môa”. Com esse nome, a canção em homenagem a Romualdo Rosário da Costa, mais conhecido como mestre Moa do Katendê, é lançada em videoclipe. Com composição de mestre Gafanhoto e gravado com os blocos de carnaval de São Paulo Kaya na Gandaia, Unidos Venceremos e Amigos de Katendê, o clipe se torna público em momento em que mestre Môa completaria 67 anos. 

Educador, compositor e percussionista baiano, mestre de capoeira angola, do afoxé e da dança afro-brasileira, Môa teve sua trajetória interrompida por um brutal assassinato, depois de uma discussão política em um bar, no contexto das eleições presidenciais de 2018.  

:: Bem Viver na TV relembra a trajetória de Mestre Moa do Katendê, assassinado há 3 anos ::

“Do jeito que o Brasil está, como a gente está vendo aí, quem segura é a cultura”. A frase de Môa é uma das que compõem o clipe, que intercala falas do mestre, imagens captadas por Eduardo Joly no Centro de Capoeira Angola Angoleiro Sim Sinhô e cortejos dos três blocos envolvidos, ao som da percussão de ijexá e do vocal de mestre Gafanhoto.  


Integrantes do Amigos de Katendê gravam a percussão de "Viva Môa" em estúdio / Deco Barbosa

“Esse afoxé é pra sua pessoa / Agradecer por você / ter ficado entre nós / agradecer por você ter feito nossa a sua voz”, diz a canção. A composição foi criada e dedicada a ele ainda em vida.  

O clipe foi dirigido por Bruno Ferrari da All Zoom Filmes e a faixa compõe o recém lançado álbum “Abrindo os caminhos pro meu carnaval”, do Kaya na Gandaia.  

“A importância de Môa é impossível de se mensurar”, expõe Luis Antonio da Silva, o mestre Gafanhoto, compositor da música. “O ritmo dele, a maneira como ele se comportava, como ele se conduzia e interagia com as pessoas era de uma harmonia, de uma paz, de uma tranquilidade, de uma liberdade. Que no jeito de ser dele, ele já nos ensinava”, conta.  

Moço lindo do Badauê 

Nome fundamental da afirmação das origens africanas nos blocos de carnaval da Bahia, mestre Môa fundou, em 1978 (plena ditadura militar), o bloco Afoxé Badauê que, como ele mesmo cantou, “misteriosamente surgiu”: “sua expressão cultural o povo apladiu”.  

Em 1995 Môa cria, ao lado de mestre Plínio, do Centro de Capoeira Angola Angoleiro Sim Sinhô, o bloco Amigos de Katendê.  

Reverenciado por importantes nomes da cultura brasileira tais como Gilberto Gil, Maria Bethânia, Moraes Moreira e Chico César, mestre Môa também foi homenageado por músicos internacionais. Em sua turnê pelo Brasil, Roger Waters prestou tributo ao mestre durante seu show.  

Ao descrever manifestações de beleza pura, Caetano Veloso já em 1985 eternizava Môa como o “moço lindo do Badauê”.  

Confira o clipe de “Viva Môa”:

Edição: Vivian Virissimo