Pela primeira vez desde 1979, jornalistas da capital paulista fizeram uma paralisação entre redações de vários veículos nesta quarta-feira (10). Por reajuste salarial de 8,9%, acompanhando a inflação, ao menos 350 trabalhadores cruzaram os braços durante duas horas, entre as 16h e 18h.
A mobilização teve adesão de redações como as da Folha de S. Paulo, Estado de S. Paulo, Agência Estado, Valor Econômico, Agora, Editora Globo, UOL, Editora Abril, sucursal de O Globo e Ponte Jornalismo.
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Sendo o quinto assunto mais comentado no Twitter do Brasil, a paralisação de jornalistas recebeu também apoio internacional. Houve manifestação de solidariedade por parte da Federación Internacional de Periodistas (FIP) e da Federación Argentina de Trabajadores de Prensa (FATPREN).
A negociação com as empresas de comunicação já dura cinco meses e, de acordo com o Sindicato dos Jornalistas de São Paulo (SJSP), está sendo marcada pela “intransigência dos patrões”. A última Convenção Coletiva de Jornais e Revistas da Capital aconteceu na última segunda-feira (8), quando o sindicato patronal ofereceu diferentes reajustes para três faixas salariais, sendo que nenhum deles chega a cobrir as perdas inflacionárias anuais nos vencimentos.
Em assembleia realizada nesta terça-feira (9) com cerca de 250 pessoas, a proposta patronal foi rechaçada pelos trabalhadores. Em ato na frente da sede da Editora Globo em São Paulo, jornalistas abriram uma faixa reivindicando que o reajuste de 8,9% seja dado para toda a categoria, sem distinção.
Os jornalistas de São Paulo reivindicam um reajuste de 5% retroativo, contando a partir de junho de 2021, e outro de 3,72% a partir deste mês de novembro. A proposta inclui a manutenção da multa da PLR (Participação nos Lucros ou Resultados) e um reajuste de 8,9%, porcentagem que acompanha o INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) do ano.
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Para Thiago Tanji, presidente do SJSP, o dia foi “histórico”: “Se houve alguma dúvida em relação ao fato de jornalistas serem trabalhadores, da nossa categoria estar unida ou não, hoje isso foi sanado”.
“A gente está unido e provou que para que a gente consiga ter reposição salarial, avançar e resistir contra qualquer tipo de precarização, temos que tomar decisões como essa, que nos fortalecem”, afirmou Tanji, finalizando que “foi um recado importante para os jornalistas de São Paulo e de todo o Brasil”.
Assim que houver uma contraproposta por parte do sindicato patronal, nova assembleia de jornalistas será marcada.
Edição: Vinícius Segalla