“Era a marginalização absoluta, a invisibilidade total. O povo mais esquecido que já vi na face da Terra.”
A antropóloga Patrícia Mendonça lembra a impressão que teve em seus primeiros encontros com o povo ãwa do Araguaia – conhecido na literatura como avá-canoeiro e regionalmente como cara preta – nos anos 1990. Na época, a Fundação Nacional do Índio (Funai) considerava esses indígenas “mestiços” e “aculturados”.
O trauma do contato forçado com os colonizadores, somado às diferenças linguísticas, impediu por décadas que eles relatassem suas memórias.
Graças ao esforço e à insistência de ambientalistas, ativistas e antropólogos, sua história vem sendo conhecida e respeitada.
À espera da demarcação da terra Taego Ãwa, no Tocantins, os avá-canoeiro continuam espalhados em aldeias javaé e karajá na Ilha do Bananal.
Ao Brasil de Fato, eles relatam a dificuldade de viver subjugados a outros povos, principalmente os javaé, com quem têm inimizade histórica.
São 33 indivíduos que se reconhecem hoje como avá-canoeiro do Araguaia – quase todos, filhos de casamentos interétnicos.
No sangue de cada um deles, corre uma história de dor e resistência, que alimenta a esperança no mito profético do retorno para casa.
Extermínio e fragmentação
Em diferentes artigos, os avá-canoeiro são citados como o “povo que mais resistiu ao contato com o colonizador no Brasil Central”.
O enfrentamento do povo autodenominado ãwa – que, em tupi-guarani, significa ser humano, pessoa adulta – com os invasores brancos começou no século 18, na bacia do rio Tocantins.
Parte dos sobreviventes das primeiras tentativas de genocídio migrou a partir de 1830 para províncias inundáveis do rio Araguaia que hoje pertencem ao estado do Tocantins.
Com essa separação, os avá-canoeiro do Araguaia passam a escrever uma história distinta, desenvolvendo seu próprio dialeto da língua tupi-guarani e distinguindo-se etnicamente.
Por mais de um século, eles foram alvo de massacres, conviveram com a aproximação dos brancos por várias frentes e tiveram inúmeros confrontos com os javaé e os karajá.
Entre uma fuga e outra, 14 sobreviventes se fixaram no final da década de 1960 em uma localidade conhecida como Mata Azul, dentro da Ilha do Bananal.
Onze foram capturados pela chamada Frente de Atração da Funai, em 1973. Eram tempos de ditadura militar, e intervenções violentas eram legitimadas por um discurso de “integração” dos povos indígenas à sociedade – hoje, ecoado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
Na época, a Funai fez um ataque surpresa, com fogos de artifício, e os avá-canoeiro resistiram com flechas. Uma menina foi baleada e morreu três dias depois. Seis indígenas foram capturados e quatro fugiram pela mata – só foram localizados no ano seguinte.
“Meu avô foi capturado. Eu digo capturado porque ele não fez o contato porque quis”, relata Typyire, que vive na aldeia Hawaló, na Ilha do Bananal, com o esposo karajá e quatro filhos.
O avô dela é o xamã Tutawa, líder dos avá-canoeiro, morto em 2015.
Typyire é uma das seis filhas de Kaukama, única remanescente do contato forçado de 1973 que continua viva.
Na época, Tutawa só se entregou à Funai porque sua esposa Watuma e seus filhos haviam sido presos.
Dos onze avá encontrados pela Frente, seis morreram antes de 1976. Naquele ano, após sofrerem abusos físicos e emocionais na Mata Azul, a Funai determinou que eles fossem transferidos à aldeia Canoanã, território tradicional dos javaé.
Essa história trágica, que ganhou destaque no relatório da Comissão Nacional da Verdade (CNV), é um trauma até hoje para os avá-canoeiro.
“A gente não costuma conversar muito sobre isso, porque é muito doloroso. Foi um contato forçado, violento”, relata Typyire.
“Eu tenho muito orgulho do meu avô, por ter resistido e mantido nossa memória, nossa língua, nossa cultura. A gente faz dessa dor, força.”
Acessando as memórias
Após realizar pesquisas de mestrado e doutorado sobre os javaé e contribuir em identificações de terras indígenas no Médio Araguaia, a antropóloga Patrícia Mendonça mergulhou na história dos avá-canoeiro há pouco mais de dez anos.
“Durante as visitas às aldeias dos javaé, recolhi outras demandas de identificação de terras que estavam paralisadas ou ignoradas. Então, entrei em contato com a Funai e me dispus a fazer um trabalho como colaboradora no GT [Grupo Técnico] de identificação”, relembra.
“Eu estava realizando identificações de terras de interesse dos javaé e dos karajá, quando o GT sentiu a necessidade de incluir os avá-canoeiro.”
Foram 40 dias de trabalho intenso, entre julho e agosto de 2009, ao lado da bióloga Luciana Ferraz.
“Eles [avá-canoeiro] estavam na periferia da aldeia, com aquele discurso de que eram mestiços. Não eram incluídos na comunidade dos javaé para nada, nem nos grupos de pesca. Por muitos anos não tiveram autorização para plantar na aldeia, nem participavam das decisões políticas”, detalha Patrícia.
“Então, a gente explicou que estava fazendo o estudo da terra, e foi tentando inseri-los aos poucos. Logo, ficou claro que eles tinham interesse total na demarcação.”
Na época, três sobreviventes do contato forçado de 1973 estavam vivos: o líder Tutawa e seus filhos Agaik e Kaukama.
“Voltamos a Brasília e propusemos à Funai que a terra se chamaria javaé-avá-canoeiro, porque eles coabitavam a área. E também dissemos que a gente queria formar outro GT, para uma identificação de terra exclusiva para eles, para não repetir os mesmos esquemas de dominação dos últimos 40 anos”, conta a antropóloga.
A ideia foi aceita, e o grupo voltou à Ilha do Bananal em dezembro do mesmo ano. Desta vez, foram 15 dias só com os avá-canoeiro na aldeia Boto Velho, do povo javaé.
“Tutawa estava extremamente lúcido, acessou todo o seu passado, desde quando era criança. Falou sobre o genocídio das décadas de 1940 e 1950, e o contato da década de 1970. Agaik e Kaukama também acessaram essa memória”, ressalta Patrícia Mendonça.
“De 2009 para cá, fui na Procuradoria da República, no Cimi [Conselho Indigenista Missionário], na Funai, e passei a contar essa história. E todos foram se sensibilizando, a tal ponto que a Funai decidiu priorizar o caso dos avá-canoeiro do Araguaia.”
A importância dos nomes
Dos 33 indígenas que se identificam como avá-canoeiro, apenas uma vive fora da Ilha do Bananal. Kamutaja Silva Ãwa deixou a aldeia javaé onde cresceu em razão das condições de vida a que seu povo está submetido. Aos 18 anos, ela mudou-se com o esposo para Palmas (TO), onde estuda Pedagogia.
“Minha família vive da caça. A gente recebe uma ajuda de custo até a nossa terra indígena sair [concluir a demarcação]. O que se compra é apenas arroz, feijão, essas coisas. O complemento vem com caça e pesca”, conta ao Brasil de Fato.
Entre os animais mais caçados pelos avá-canoeiro estão veado, anta e catitu, também conhecido como porco-do-mato.
Kamutaja retificou seu nome em 2019. Até então, para fins oficiais, se chamava Brenda. Typyire, citada no início da reportagem, fez o mesmo processo – antes, era chamada de Angélica.
“Os nomes que foram dados às crianças que nasceram após o contato forçado foram os nomes dos parentes que morreram nas décadas de genocídio”, explica a antropóloga Patrícia Mendonça.
“Os povos tupi, aparentemente, perderam tudo. Mas, quando você os ouve, percebe que a continuidade cultural está numa dimensão mais invisível, que tem a ver com os nomes e com o xamanismo. São características fundamentais dos tupi que se mantêm.”
O avanço de pecuaristas, pescadores e madeireiros ilegais na Ilha ameaça a sobrevivência dos avá-canoeiro.
“As queimadas matam o bioma e os animais que estão lá. Têm diminuído bastante os peixes que tinha antes – peixes grandes, que geralmente há em locais preservados. Na região da aldeia Boto Velho, tem havido muita pesca ilegal para venda de peixe e tartaruga”, relata Kamutaja.
“Este ano, madeireiras entraram na Ilha do Bananal para derrubar árvores que tinham mais de cem anos. Madeira nativa.”
A terra indígena Parque do Araguaia, onde vivem quase todos os avá-canoeiro, é a que mais queima em 2021, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
Dois anos atrás, um incêndio de grandes proporções destruiu 80% da chamada Mata do Mamão. Durante os esforços para conter as chamas, imagens aéreas flagraram grupos de indígenas isolados.
“Meu avô, sobrevivente do contato forçado de 1973, sempre disse que havia mais de nós na Mata do Mamão, sem contato com a sociedade não indígena. Durante os meus 27 anos, tenho ouvido falar sobre esses parentes na mata”, lembra Kamutaja.
A aflição é compartilhada por Typyire: “Eles estão lá comendo, caçando, do jeito que querem viver. Na região tem cada vez mais retireiros [vaqueiros], e a gente não sabe como eles iriam reagir se vissem um.”
Discriminação
Como são agricultores, os javaé não costumam disputar os recursos naturais com os avá-canoeiro, que se especializaram na caça e na coleta.
Isso não significa que haja harmonia no convívio diário.
“Nasci na aldeia Canoanã, me criei lá. Mais tarde, me juntei com uma javaé, e hoje estou com ela”, conta o cacique Wapoxire, filho de pai javaé com mãe avá-canoeiro.
“No começo, meu sobrenome era javaé. Tinha que seguir as normas deles, tinha que usar os nomes deles – até eu entender a história do meu povo. Depois, comecei a assinar como avá-canoeiro.”
As memórias de discriminação atravessam gerações.
“Quando meu avô [Tutawa] cantava, as pessoas riam dele, faziam chacota. Por não entender, achavam engraçado”, relata Wapoxire. “Até hoje, temos dificuldade ao praticar nosso artesanato, nossos cânticos.”
“A gente achava que preconceito existisse apenas nos brancos, mas existe nas aldeias também, contra quem é de outra etnia, com outro costume”, lamenta o cacique.
Assim como Typyire e Kamutaja, Wapoxire substituiu o nome que lhe foi dado na língua do colonizador – Davi.
Entre os karajá, os avá-canoeiro também são tratados como intrusos até hoje.
“Nos karajá, os rapazes e as moças não fazem trabalho braçal, não podem ir para a roça, não podem caçar”, afirma Typyire, casada com um karajá.
“Na nossa cultura, todo mundo tem que trabalhar, para quando casar, saber fazer as coisas, saber cuidar do marido, da esposa, dos filhos. Eu faço isso com meus filhos aqui, porque estou dentro da minha casa, mas ainda assim sou criticada. Meu esposo me apoia muito e também é julgado.”
Processo demarcatório
Cruzando os relatos obtidos em 2009, na aldeia Boto Velho, com documentos oficiais sobre a região, foi possível localizar a área habitada pelos avá-canoeiro por mais de um século, fora da Ilha do Bananal.
“Temos abundantes registros históricos que mostram a ocupação deles desde o século 19. Isso, não tem como ninguém questionar”, enfatiza a antropóloga Patrícia Mendonça.
Em setembro de 2011, ela visitou a área – batizada de Taego Ãwa – com um agrimensor. No ano seguinte, foi publicado o relatório de identificação e delimitação da terra indígena, que deu origem a uma primeira ação civil pública por danos morais e materiais cometidos pelo Estado contra os avá-canoeiro.
A ação tramita no Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1), e já teve pareceres favoráveis.
Em 2012, a Funai publicou em Diário Oficial apenas três procedimentos de delimitação de áreas indígenas em todo o país; entre eles, o da Taego Ãwa.
A área tem cerca de 29 mil hectares. Metade está sobreposta a um assentamento da reforma agrária. O restante são fazendas. Uma delas, da Fundação Bradesco, ocupa 500 hectares e, após meses de disputa, ficou de fora da área declarada.
Desde que o processo de delimitação da Taego Ãwa começou, a relação com os atuais ocupantes tornou-se mais hostil. Os avá-canoeiro evitam transitar pela área porque passaram a ser vistos como ameaça pelos assentados.
“Os assentados também foram negligenciados por muitos anos pelo Estado brasileiro. O que esperamos é que eles sejam reassentados em outra área, e não que fiquem sem suas terras”, observa a antropóloga.
O início dos procedimentos formais para delimitação da área permitiu que os avá-canoeiro fossem a Brasília (DF) pela primeira vez levar suas reivindicações.
O passo que faltava, para avançar rumo à demarcação, era a declaração da Taego Ãwa no Ministério da Justiça. A sobreposição com a fazenda da Fundação Bradesco era um dos principais entraves.
Paralisado há meses, o processo voltou a caminhar quando Eugênio Aragão assumiu o Ministério, meses antes do golpe parlamentar contra Dilma Rousseff (PT).
“Ele [Aragão] assumiu decidido a declarar terras indígenas, encaminhar para homologação. Semanas antes do impeachment de Dilma, conversei por horas com a assessora do ministro, até que ele foi convencido”, relembra Patrícia Mendonça.
“Então, o Ministério resolveu declarar a terra, requisitou o relatório da Funai. Resumindo: a terra foi declarada no dia do impeachment.”
A demora no encaminhamento das demarcações durante o governo Michel Temer (MDB), após o golpe parlamentar, provocou a reação do Ministério Público Federal (MPF).
Em outubro de 2018, em resposta a uma segunda ação civil pública, a Justiça Federal estabeleceu prazo de um ano para que a Funai concluísse a demarcação da terra Taego Ãwa.
A responsabilidade de reassentar os não índios, moradores dos projetos de assentamento Caracol I e Caracol II, é do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).
“Os avá-canoeiro do Rio Araguaia se encontram privados de suas terras tradicionais e alojados em terras de seus inimigos históricos, os javaé. Não podem eles plantar, caçar, pescar, nem praticar suas tradições culturais, fato que já causou mortes por inanição entre índios desta etnia”, apontava a decisão judicial, lembrando que o relatório de identificação e delimitação fora concluído seis anos antes.
Para encaminhar a demarcação, falta o resultado de uma nova perícia, contratada pelos advogados das fazendas sobrepostas à Taego Ãwa.
Como assistente de perícia, os fazendeiros escolheram Edward Luz, conhecido como o “antropólogo dos ruralistas”.
A equipe visitou a região em julho para responder a uma série de questionamentos feitos pela Funai, pelo MPF, pelo Incra e pelos fazendeiros.
O resultado da perícia deve sair até o fim de 2021. Se for desfavorável aos indígenas, o MPF pode recorrer.
“Essas coisas só andaram porque nós fizemos esse trabalho de ficar em cima, cobrando, escrevendo, indo atrás. O juiz mandou fazer o levantamento fundiário, para saber quem são os ocupantes não indígenas. A área é dominada pelo agronegócio”, afirma Patrícia Mendonça.
“Desde setembro, a Funai está com uma multa diária para retomar esse levantamento. Cerca de 80% já foi feito, até que veio a pandemia.”
Esse é o único levantamento fundiário em andamento no Brasil sob o governo Bolsonaro. Em 2019, havia outro, também por ordem judicial – o da terra indígena Xukuru-Kariri, em Palmeira dos Índios (AL), suspenso pela Funai por “falta de recursos”.
“A pandemia foi uma desculpa que eles arranjaram para não continuar o processo [da Taego Ãwa]”, afirma Typyire.
Para ela, a demarcação é sinônimo de esperança, em vários sentidos. Primeiro, porque a presença de invasores faz da Ilha do Bananal um ambiente cada vez mais inóspito.
“Incêndio é frequente. Na época da seca, tem muita queimada. Quando o fogo é muito intenso, afeta a caça, a coleta dos frutos. Ele queima as árvores frutíferas, e aí elas não dão em abundância”, relata.
“O setor pecuário na área indígena, na Ilha do Bananal, está devastando muito o solo. Porque, quanto mais o gado pisa, mais ele vai ficando duro, e não produz mais frutas como antes.”
A demarcação também permitiria a ela viver novamente junto da família.
“Hoje, encontro com meus irmãos só de ano em ano. Porque nessa época já começa a chover. No verão, quando seca, é possível cruzar para o outro lado”, explica Typyire.
A distância dificulta o acompanhamento da tramitação do processo demarcatório da Taego Ãwa. Para superar esse obstáculo, os avá-canoeiro decidiram se reunir em uma comunidade informal entre Pium (TO) e Lagoa da Confusão (TO).
“Nós somos uma família que mora separada, um longe do outro. Cada irmão em um canto. Quando a gente quer fazer uma reunião, para debater sobre a Taego, é difícil juntar todo mundo. Então, a gente organizou um acampamento, para todos estarem por dentro da luta pela terra”, explica o cacique Wapoxire, irmão de Typyire.
“A Taego, para nós, é ter a liberdade de trabalhar, praticar nossa cultura, sem precisar pedir autorização”, enfatiza.
O acampamento hoje tem 12 famílias, incluindo Kaukama – a única dos 33 que é filha de pai e mãe avá-canoeiro.
Wapoxire se refere à Taego como um sonho de seu avô, Tutawa. Preocupado com os retrocessos no país, ele rechaça o argumento de Bolsonaro e de seus apoiadores contra as demarcações.
“Nós, como indígenas, queremos a terra para preservar. A gente não quer desmatar, fazer grandes projetos. Por isso, os fazendeiros falam que a gente não produz nada. Mas, o que a gente faz é alimentar nossa família e preservar a natureza”, explica.
“Eles falam que é pouco índio para muita terra. Se não houvesse o indígena para proteger a natureza, não sobraria mais nada. Hoje, a gente já vê mudança de temperatura, o sol esquenta mais, à medida que o agronegócio vai invadindo e acabando com tudo.”
Typyire continua na aldeia karajá, sonhando com um lugar para seus filhos crescerem em liberdade.
“A demarcação da Taego, para nós, povo ãwa do Baixo Araguaia, é muito importante. Porque, aqui nas terras dos javaé e karajá, não praticamos a nossa cultura. Somos criticados, discriminados. E, com a nossa terra demarcada, podemos fazer nossos rituais, ensinar os meninos”, projeta a indígena, que evita usar o termo genocídio ou extinção.
“Enquanto tiver um avá-canoeiro vivo, nós não estamos extintos, não”, finaliza.
O Brasil de Fato apresentou as críticas e questionamentos à Funai, mas não houve resposta até o fechamento deste texto.
Edição: Leandro Melito