Com palavras de ordem como “a vocês, o G20; a nós, o futuro” e “vocês são a doença, nós somos a cura”, pelo menos 10 mil pessoas se manifestaram neste sábado (30), em Roma, contra a cúpula do G20, segundo os organizadores do protesto. Até amanhã (31), líderes das 20 maiores economias do mundo estarão na cidade na primeira reunião presencial do chamado Grupo dos 20 desde o início da pandemia de covid-19.
Um caminhão de som puxou o protesto, que foi aberto pelo movimento ambientalista Fridays for Future, seguido pelo movimento de estudantes. Também estiveram presentes representantes de sindicatos, movimentos populares e ativistas das associações Animal Save e Extinction Rebellion, além de trabalhadores da GKN (uma fábrica ocupada) e da Alitalia (companhia aérea em processo de venda desde agosto deste ano).
Adolescentes, trabalhadores e imigrantes vieram de diferente partes do país e durante duas horas entoaram palavras de ordem e carregaram cartazes e faixas contra as crises ambientais e sociais provocadas pelos países mais ricos do mundo. Pautas como as mudanças climáticas e a quebra das patentes das vacinas contra a covid-19 estavam na ordem do dia, que não deixou de lado temas humanitários, como as imigrações, o trabalho em condição análoga à escravidão, o direito à greve e à educação pública de qualidade.
“Procuramos mostrar que precisamos de outro futuro”, falou uma das organizadoras da manifestação, Monica Di Sisto. “Como diz a [ativista ambiental] Greta [Thunberg], quando os poderosos falam de clima, é um blá blá blá contínuo. Queremos dizer que precisamos inverter a direção. As políticas climáticas para os próximos dez anos serão decididas no G20 de hoje e na COP26 [Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2021] de Glasgow”.
No protesto havia brasileiros que pediam “Fora Bolsonaro”. Segundo a manifestante Ivanilde Carvalho, que mora em Roma, a preocupação de quem vive no exterior é a mesma de quem está no Brasil. “Temos família, nos preocupamos como a nossa gente, com nossos indígenas, com a população quilombola e com os ribeirinhos. Nós precisamos falar e sensibilizar a população no exterior sobre o que está acontecendo”, disse.
“Não temos um planeta B, somos nós os hóspedes. Sobre o que houve em Manaus, com as pessoas procurando ossos para comer, não podemos nos calar. Fora genocida!”, completa a brasileira.
O integrante do movimento popular italiano La Comune Damiano Pedace frisou que “nesta época de decadência, em que as sociedades são cada vez mais desagregadas, fechadas em seus muros, os poderosos estão com as mãos sujas de sangue”. Ainda segundo ele, “é necessário construir uma alternativa de valores”.
Esta foi a maior e mais relevante manifestação organizada em Roma por ocasião do G20. Centenas de policiais estavam de prontidão em pontos estratégicos. As forças de segurança italianas implantaram um plano de segurança máxima para a reunião, fechando ruas e estações de metrô.
Edição: Sarah Fernandes