A mudança do plano de saúde da Companhia Municipal de Limpeza Urbana (Comlurb) do Rio no início do mês de outubro gerou insatisfação dos funcionários da empresa. Eles alegam que houve falta de aviso prévio para a alteração, redução de unidades conveniadas para atendimentos e dificuldade para realizar tratamento de doenças contínuas.
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De acordo com o coletor Valdemir Olídio da Silva, que trabalha há quase 20 anos na Comlurb, a migração da Assim Saúde para a operadora Klini impactou a maioria dos trabalhadores da companhia que mora longe da zona sul da cidade do Rio de Janeiro, local onde o atual plano de saúde oferece mais serviços.
Segundo o funcionário, além da zona sul carioca, os hospitais conveniados ao plano novo estão restritos a regiões como Recreio e Barra da Tijuca, na zona oeste do Rio, e no centro da cidade. Outros bairros da zona oeste e municípios da Baixada Fluminense não são prioridade para a rede de atendimento.
“Os hospitais onde os trabalhadores tinham consulta, cirurgia, faziam hemodiálise, terapia, quimioterapia, que eram conveniados à Assim, hoje não estão mais atendendo aos trabalhadores se eles não pagarem por fora, as consultas que tinham sido marcadas foram suspensas”, explicou o funcionário, que mora em Santíssimo, na zona oeste e trabalha na zona sul do Rio.
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Silva destaca ainda que os atendimentos tornaram-se ainda mais difíceis para os trabalhadores que residem nos bairros de Santa Cruz, na zona oeste e Engenho de Dentro, na zona norte da capital.
Segundo o coletor, que também é vice-presidente da Comissão Interna de Prevenção ao Acidente (CIPA) Jardim de Alah, a Assim Saúde tinha convênio com a Memorial Saúde para atender aos funcionários da Comlurb que moram nesses bairros e ficaram desassistidos com a mudança.
“A mudança de uma hora para a outra nos trouxe dificuldade de relacionamento com as nossas doenças contínuas, porque o gari faz esforço repetitivo. O plano da Assim [Saúde] tinha convênio com o Memorial [Saúde] de Engenho de Dentro e Santa Cruz. Lá havia obstetra, ginecologista, pediatria. Gostaríamos que o Memorial [Saúde] se conveniasse com a Klini”, afirmou.
Ao Brasil de Fato, a Comlurb informou que a operadora Kini já está buscando solução para contar com um posto de atendimento avançado em Santa Cruz. Segundo a companhia, a Klini conta com uma rede própria de 11 hospitais, dois centros de diagnóstico por imagem 3D próprios e 16 pontos de atendimento de laboratório de análises clínicas, além de uma rede credenciada composta de 15 hospitais, 10 clínicas de imagem e 38 pontos de atendimento de laboratório, distribuídos por todas as regiões da cidade e na Baixada Fluminense.
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Questiona sobre a dificuldade de atendimentos, a Comlurb alegou que todos os funcionários e dependentes estão reagendando consultas e exames na nova rede credenciada pela central de atendimento. Segundo a empresa, até terça-feira (19), apenas por beneficiários da Comlurb foram realizados 5.622 exames, 2.295 atendimentos de emergência, 2.467 consultas ambulatoriais, 218 internações, 66 cirurgias e 51 pacientes em home care, além de 105 atendimentos oncológicos (entre consultas e sessões de quimioterapia) realizados no Hospital Casa/Hospital de Câncer.
O Brasil de Fato procurou também o Sindicato dos Empregados de Empresas de Asseio e Conservação do Município do Rio de Janeiro (Siemaco-RJ) para falar sobre o caso, porém não obteve retorno até o fechamento da reportagem. No site da entidade há o aviso de assembleia sobre o plano de saúde da Comlurb marcada para o dia 23 de novembro.
Protesto
Na tarde da última quarta-feira (20), funcionários da Comlurb realizaram um protesto no centro do Rio, por causa da troca do plano de saúde dos servidores. O ato também reivindicou a retomada da negociação com a prefeitura do acordo coletivo de trabalho e aumento salarial.
Por que mudou?
A Comlurb é considerada a maior companhia de limpeza pública da América Latina. De acordo com a empresa, hoje, 45.880 pessoas, entre funcionários e dependentes, utilizam o serviço de saúde fornecido. Ao Brasil de Fato, a Comlurb explicou que o contrato com a Assim Saúde precisou ser reincidido após um impasse referente à proposta de reajuste.
“A Comlurb realizou diversas reuniões com a Assim [Saúde] durante nove meses, explicando que havia um decreto que não permitia fazer qualquer reajuste contratual em 2021. Buscando uma transição mais suave, a Companhia ainda assim fez uma proposta de renovação de contrato até o fim do ano, com reajuste pelo IPCAE [Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo] e a operadora se negou a aceitar. Ela queria permanecer desde que tivesse um reajuste de 25% no contrato”, detalhou em nota enviada à reportagem.
“A companhia se viu obrigada a partir para um processo licitatório, que contou inclusive com a participação da própria Assim, que apresentou preços muito altos e incompatíveis com a realidade do país, apresentando preço cerca de R$ 130 milhões a mais do que o valor praticado no contrato com a mesma. A Klini acabou apresentando o melhor preço e atendeu a todas as exigências do certame”, destacou a empresa.
Fonte: BdF Rio de Janeiro
Edição: Eduardo Miranda