CRISE CARCERÁRIA

Equador: Forças Armadas intervêm em presídios por 60 dias após maior massacre da história

Foram 116 presos mortos e 80 feridos no maior complexo penitenciário do país

Brasil de Fato | Caracas (Venezuela) |

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Polícia Nacional do Equador conseguiu retomar controle da maior penitenciária do país quase 24h depois do massacre - Polícia Nacional Equador

O presidente do Equador, Guillermo Lasso, decretou estado de exceção por 60 dias, autorizando a intervenção das Forças Armadas nas penitenciárias do país. A decisão foi anunciada após um massacre que deixou 116 mortos e 80 feridos na Penitenciária do Litoral, em Guayaquil, maior cidade equatoriana.

Lasso viajou até a capital do estado Guayas para presidir um comitê de segurança que irá coordenar as ações, "garantido os direitos humanos de todos os envolvidos", declarou. O estado de exceção também inclui o direcionamento de mais recursos públicos, cerca de US$ 24 milhões (R$ 130 milhões), seriam necessários para reformar a estrutura da penitenciária, segundo declarações do chefe de Estado.

Familiares de detidos fazem vigília em frente ao presídio exigindo informações. Até o momento não foram divulgados os nomes das pessoas falecidas e feridas. O governo afirma que a lista será divulgada nesta quinta-feira (30) e que o Estado oferecerá atendimento psicológico aos familiares.

O Ministério Público do Equador abriu investigação para determinar os responsáveis pela chacina. Em comunicado, afirmam que a onda de violência seria uma resposta à tentativa de trasladar líderes de grupos criminosos para outras unidades carcerárias.

Nas redes sociais circulam fotos e vídeos de cadáveres. Em algumas publicações é possível ver grafittis com o nome "Los Choneros", um dos maiores grupos narcotraficantes do país, criado em 1990 na costa Pacífica equatoriana. 

Segundo a Polícia Nacional do Equador, somente em 2021 foram registrados  três chacinas com 226 mortos por conflitos dentro das prisões. A nova onda de violência na Penitentária do Litoral iniciou no dia 28 de setembro, quando o diretor do presídio, Fausto Cobo, renunciou ao cargo, apenas dois meses após assumi-lo. Já no dia 29 de setembro foram suspensos os serviços administrativos da prisão. 

O diretor geral do Sistema Nacional de Atenção Integral a Adultos Privados de Liberdade e Adolescentes Infratores (SNAI), Tenente Coronel Bolivar Garzón, reconheceu que as forças de segurança do Estado perderam o controle da penitenciária por algumas horas na última quarta-feira (29). A Polícia Nacional ativou um operativo com 400 policiais para conter os distúrbios.

Em 2020, o Equador teve uma onda de motins e violência dentro das prisões com 52 falecidos. O governo diz que a violência foi causada por disputas entre grupos criminosos.

Edição: Thales Schmidt