Plantar alimentos com respeito aos ciclos das florestas. Utilizar da capacidade produtiva da própria natureza para plantar comida, sem desmatar, sem usar química, sem acabar com os recursos hídricos disponíveis. Cuidar da terra e compreender a produção como um sistema. Respeitar as relações sociais em torno da produção.
É isso que traduz resumidamente o que são os Sistemas Agroflorestais Agroecológicos, que são parte do avanço na teoria, na prática e na implementação pelos assentados e assentadas do Movimentos dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) de Pernambuco.
Na última semana, cerca de 30 agricultores e agricultoras vindos de todas as regiões do estado participaram do Curso de Agrofloresta facilitado pelo agrofloresteiro Namaste Messerschmidt, no Assentamento Che Guevara, na Região Metropolitana do Recife. Foram dois dias de imersão nas terras e plantações do assentamento, sob a metodologia da “Agrofloresta ao pé da planta”.
A iniciativa faz parte de um conjunto de ações do MST para a transição agroflorestal de todos os agricultores e agricultoras do estado. Para Paulo Mansan, da direção estadual do movimento, esses passos indicam um caminho mais justo e mais saudável.
“Nós estamos implementando a técnica 'camponês a camponês', que em resumo, não conta com incentivo de governo, de organização nenhuma. Somos nós, camponeses aprendendo, partilhando, experimentando e construindo uma nova forma de produzir alimentos. E isso impacta na nossa meta de plantarmos milhares de árvores só este ano, como também na qualidade dos alimentos que nós oferecemos para as pessoas”, diz.
Namaste está inserido na prática agroflorestal desde os 12 anos e destaca a importante contribuição de movimentos como o MST, que fazem uma decisão política de produzir de forma sustentável, compreendendo que quem melhor faz agricultura é a própria natureza.
“Costumo dizer que o MST tem uma tecnologia de juntar pessoas e a agrofloresta tem a tecnologia de juntar plantas. Isso é um casamento que vem dando muito certo. A capacidade que o MST tem de voltar às pessoas para o campo para produzir uma agricultura que regenere é muito potente” ressalta o agrofloresteiro.
E ter essa capacidade de produzir em um formato de contribua para expansão e melhores condições para a natureza já é uma prática da agricultora Jercinda Maria da Costa, que é do Assentamento Chico Mendes III, no município de Paudalho, que participou do curso.
“Nós já produzimos orgânicos, eu mesma aprendi com meu pai, ele não usava nenhum tipo de veneno. Esses dois dias aqui aprendi muita coisa, principalmente sobre a cobertura do solo. E vou levar o conhecimento para os meus vizinhos do meu assentamento. É muito importante essa troca de conhecimento. Na minha terrinha mesmo vai mudar muita coisa já”, projeta Jercinda.
Fonte: BdF Pernambuco
Edição: Vanessa Gonzaga