Estudantes da Universidade Federal da Integração Latino Americana (Unila) se mobilizaram na tarde do último sábado (11) para cobrar a abertura imediata do Alojamento Estudantil da instituição.
Cercado de polêmicas e atrasos, a construção do imóvel começou em meados de 2016, com previsão de ser concluída até maio de 2018. Após problemas com a empresa responsável, que terminou por abandonar a execução da obra, a direção da universidade precisou encerrar o contrato e promover uma nova licitação. Diante do novo cronograma, a comunidade estudantil foi informada que o espaço composto por três blocos de edifícios, com capacidade de acomodar até 288 alunos, seria entregue ainda no primeiro semestre de 2020.
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Passados mais de um ano do novo prazo, as habitações permanecem vazias e os alunos sem acesso ao equipamento que já custou mais de R$ 14 milhões aos cofres públicos.
“Cheguei à Unila para viver o sonho de estudar no Brasil e fazer parte do projeto de integração da América Latina. Infelizmente a realidade tem sido outra. Sem acesso à moradia e com muita dificuldade de acesso aos auxílios, precisei vender pão e até mesmo receber cestas básicas para me manter. Eu amo a Unila, mas está cada vez mais difícil me manter estudando”, afirmou um estudante chileno entrevistado sob a condição de anonimato.
Presente ao ato promovido na entrada do alojamento fechado, Gabriela Silveira, diretora de Relações Internacionais da União Nacional dos Estudantes (UNE), destacou a importância na manifestação e do apoio da sociedade brasileira para permanência estudantil.
“Infelizmente este não é um problema exclusivo da Unila, diversas universidades em todo o país têm passado pela mesma situação. Isso é reflexo da política de cortes promovidas pelo governo Bolsonaro que tem diminuído a cada ano os recursos destinados ao Programa Nacional de Assistência Estudantil (PNAES). Enquanto representante da UNE, estamos aqui para defender a permanência estudantil na Unila e em todo o Brasil”, destacou.
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De acordo com Unila, por meio de sua assessoria de comunicação, a decisão de abertura do alojamento aos estudantes ainda depende de algumas etapas. “Concluído o aspecto físico do alojamento, restam a elaboração e definição das normas de uso, situação em elaboração no momento. Há, ainda, de se levar em conta as restrições causadas pela covid-19, que atrasou vários processos”, pontuou a universidade.
A reportagem do Brasil de Fato Paraná questionou por qual motivo estas pendências não foram sanadas, tendo em vista o prazo estendido diante do atraso das obras por parte da construtora. A resposta teve por justificativa aspectos burocráticos.
“Para que uma licitação possa ser realizada, outras etapas devem estar concluídas antes e não se pode fugir do tema orçamentário, que exige a disponibilidade para que a licitação possa ocorrer”, afirmou, sem se comprometer com novos prazos para abertura do alojamento.
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Entre 2019 e 2021, os recursos destinados pelo PNAES para assistência estudantil na UNILA caíram de R$ 9,3 milhões para 6,8 milhões, sendo que, por parte da gestão da própria universidade, houve neste ano uma suplementação de mais R$ 1,5 milhão destinado ao pagamento de auxílios estudantis.
“As ações, serviços e auxílios disponibilizados buscam contribuir com o objetivo de ampliar as condições de permanência do discente na universidade agindo de forma preventiva às situações de evasão e retenção”, completou a Unila, por meio de sua assessoria.
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Na avaliação da líder do Diretório Estudantil da Unila, Ana Dória, as ações não têm sido suficientes e falta diálogo junto aos estudantes. “Até hoje não conseguem apresentar uma data concreta para abertura do alojamento. Enquanto isso, tem alunos em sérias dificuldades, repúblicas superlotadas. Falam que a pandemia prejudicou a abertura, mas o verdadeiro e único prejudicado com essa demora são os alunos. Justamente em razão da pandemia que esse alojamento precisaria ser entregue o quantos antes”, finalizou.
Fonte: BdF Paraná
Edição: Lia Bianchini