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Sem violência e força para golpe, 7 de setembro escancara isolamento de Bolsonaro em SP e no DF

Atos antidemocráticos em poucas cidades mostram que discurso radicalizado de Bolsonaro ficará circunscrito aos fanáticos

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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"Bolsonaro caminha para o isolamento", diz Orlando Silva - Paulo Lopes/AFP

Com o fim das manifestações a favor do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), ficou evidente que o bolsonarismo se isolou em Brasília e em São Paulo, além de apoios com alguma expressão no sul do país. Fora isso, há pouca ou quase nenhuma mobilização em prol do mandatário. De acordo com parlamentares e políticos, a baixa adesão nacional e a não adesão à violência enfraquecem os arroubos golpistas do Palácio do Planalto.

“Foi uma derrota e uma vergonha para Bolsonaro. Não houve a violência que eles esperavam para forçar o golpe”, comentou o cientista político Rudá Ricci. “A manifestação que ocorre agora na avenida Paulista revela que o estado de São Paulo é o epicentro da direita brasileira. A primeira questão é que Bolsonaro está isolado em São Paulo. Ele não teve peso em Brasília, são 5% da projeção feita. Ele está absolutamente enfraquecido”, encerrou.

O deputado federal Orlando Silva (PcdoB-SP) acredita que o baixo desempenho nacional coloca o presidente contra a parede em Brasília. “Hoje, tivemos um cenário previsível, foram dois atos nacionais. No restante do país, onde não houve grana e estrutura, foram atos pequenos. Bolsonaro caminha para o isolamento. Ele radicalizou para manter os mais fanáticos próximo dele, mas perderá força em definitivo nas ruas”, avaliou.

O jornal Valor Econômico divulgou que um ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) teria recebido das autoridades do Distrito Federal uma estimativa de que 150 mil pessoas estiveram em Brasília para manifestar apoio ao presidente. O público esperado pela família Bolsonaro era de 3 milhões de pessoas.

Em suas redes sociais, a presidenta do PT, Gleisi Hoffmann, comentou os números. “Até agora, os atos de Bolsonaro estão aquém do esforço empreendido e do dinheiro obscuro utilizado. São atos deles, para eles, que demonstram pavor do chefe com inquérito que o envolve no Supremo. A maioria do povo, que sofre com a crise, foi esquecida por eles e também os ignorou nesse dia.”

 

 

No Twitter, o deputado federal Marcelo Freixo (PSB-RJ), também falou sobre as manifestações. “Os atos bolsonaristas hoje não foram uma demonstração de força, foram uma confissão de desespero. A fotografia tão desejada por Bolsonaro é o retrato fiel de um presidente pequeno e isolado no meio de um rebanho de fanáticos”, encerrou o parlamentar, que é líder da minoria na Casa.

Em São Paulo e Brasília, os manifestantes não esconderam o desejo por medidas antidemocráticas, como intervenção militar e o fechamento do Congresso e do Supremo Tribunal Federal (STF). Em faixas, placas e discursos, insistiram para que Bolsonaro interfira nos demais poderes.

Juliano Medeiros, presidente nacional do PSOL, criticou. “Não há nada de novo. Pedem o fechamento do STF, a destituição de ministros, o voto impresso e intervenção militar com Bolsonaro no poder. Nada que possa ser viabilizado. Eles serão derrotados pela nossa luta.”

Edição: Vinícius Segalla