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Ato cultural no Dia da Amazônia denuncia a destruição da floresta em Belém (PA)

Em formato de projetaço, as artes ocuparam diversos espaços, entre eles, o complexo do Ver-o-Peso e a Feira do Açaí

Brasil de Fato | Belém (Pará) |
Nas projeções, a arte indígena de Denilson Baniwa, Moara Brasil, do artista visual Kambô e do ilustrador Magno - Rao Godinho

No último domingo (5), Dia da Amazônia, foi realizado um ato cultural em Belém do Pará, que ocupou a área de "fundação" da cidade.

Artistas indígenas e aliados retomaram o território como uma Cabanagem de Arte Contemporânea, que levou a luta, a proteção das matas, a cultura e a denúncia dos crimes contra a floresta e a humanidade. O complexo do Ver-o-Peso, a Feira do Açaí, a Ladeira do Forte e o Muro do Forte do Castelo, no bairro da Cidade Velha foram tomados pelo ato.

Os artistas deram à iniciativa o nome de: Dia de Inspiração Anticolonalista Amazônica (DIAA). 

O coletivo formado por artivistas e ativistas conta com a equipe do Aparelho Digital, Ponto de Cultura Alimentar Iacitatá, OCADHANA e Rede RAMA em parceria com a 100% Amazônia e Cas’Amazônia.

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Por meio das projeções foram denunciados os atos de destruição da floresta amazônica. Segundo dados do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), o desmatamento na Amazônia teve aumento de 51% nos últimos 11 meses, considerando o intervalo entre agosto do ano passado e junho de 2021.

O percentual é um comparativo com o período de agosto de 2019 a junho de 2020, quando foram registrados 5.533 km² de devastação. Desta vez foram 8.381 km² em área destruída. 

Resistir para existir

As artes, ilustrações e narrativas projetadas são do indígena Denilson Baniwa, Moara Brasil, do artista visual Kambô, do ilustrador Magno e as narrativas de Tainá Marajoara e Joanna Denholm.

Os coletivos de arte visual do Greenpeace, da Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida, Projetemos, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e da Conferência Nacional Popular de Segurança e Soberania Alimentar também contribuíram para a construção do ato.

Entre as projeções teve a contra o Marco Temporal com os dizeres: "Marco temporal não. Marca o fim da Amazônia, marca o fim do mundo" #PL490Não", assim como dados de genocídio contra os povos indígenas. 

"320 lideranças assassinadas entre 1996 e 2019" e também "me digas o quê plantas, te direis o que respiras: Amazônia Sufocada. Guardiã de O2 passa a emitir CO2". 

A volta da fome também foi tema das denúncias. O Estado do Pará é líder mundial de emissão de carbono, garimpos ilegais, trabalho em condições análogas à escravidão e assassinatos de trabalhadores rurais e lideranças tradicionais.

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O registro visual foi feito pelo fotógrafo Rao Godinho, a produção por Isabela Dias e Carlos Ruffeil e colaboração de Thiara Fernandes na concepção.

Durante o ato, bolsonaristas tentaram provocar a interrupção da projeção com intimidações e ameaças. No entanto, a tentativa foi contida e o ato seguiu. 

Dia da Amazônia 

Instituído pela Lei nº 11.621, em 19 de novembro de 2007 pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o Dia da Amazônia começou a ser comemorado todo 5 de setembro com o intuito de lembrar a população sobre a importância da maior floresta tropical do mundo.

Edição: Vivian Virissimo