O diretor da Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos (CIA), William Burns, se reuniu em segredo com um dos líderes do Talibã, Abdul Ghani Baradar, em Cabul, capital do Afeganistão. A informação é do jornal norte-americano Washington Post.
Publicado nesta terça-feira (24), o periódico afirma que foram negociações de mais alto nível entre o Talibã e a administração de Joe Biden. Isso porque Burns é visto como um dos mais experientes diplomatas do governo do democrata e Baradar foi um dos negociantes do acordo firmado na gestão de Donald Trump — ele saiu da prisão a pedido do republicano em 2018.
O encontro teria acontecido nesta segunda-feira (23). No entanto, segundo o Washington Post, a CIA não informou o conteúdo da reunião, mas fontes ouvidas pelo jornal informaram que o assunto girou em torno de um aumento no prazo para a retirada dos civis afegãos e das tropas norte-americanas do território, que se encerra em 31 de agosto.
O presidente Biden disse que as tropas norte-americanas podem ficar no Afeganistão além do prazo, a fim de apoiar a evacuação de cidadãos americanos e afegãos. No entanto, ele avisou que o processo será "duro e doloroso" e não "sem risco de perdas".
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Por sua vez, o Talibã advertiu contra um eventual atraso da saída das tropas militares, prometendo "consequências" em caso de violação do acordo.
Por sua vez, o grupo insurgente tenta assegurar aos milhares de afegãos que se aglomeram no aeroporto, na esperança de embarcar em voos, de que não têm nada a temer, e que devem retornar a suas casas. "Garantimos sua segurança", afirmou o porta-voz talibã.
Mujahid também enfatizou que os Estados Unidos parem de "pedir que os afegãos deixem o país". De acordo com ele, a operação de retirada norte-americana está levando profissionais qualificados para fora do Afeganistão.
O porta-voz declarou que "especialistas afegãos" estão sendo levados pelos EUA, pedindo que "ponham um fim a estas operações".
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"Queremos tranquilizar os tradutores afegãos, vamos protegê-los, e pedimos que não deixem o Afeganistão [...] o que está acontecendo no aeroporto de Cabul é doloroso, os EUA não devem pedir aos afegãos que deixem o país", disse Mujahid apelando aos tradutores afegãos que trabalharam para as embaixadas ou forças militares estrangeiras na capital.
(*) Com Sputnik e Ansa.