Nos últimos dias, têm se acalorado o debate sobre a necessidade de uma terceira dose da vacina contra a covid-19. Diversos estudos mostram que a imunidade promovida pelas vacinas reduz com o tempo, principalmente em populações com baixa imunidade, como no caso dos idosos. A aplicação de uma dose extra, ou mesmo de novas vacinas atualizadas, se torna ainda mais importante no contexto do surgimento de novas variantes do novo coronavírus.
Nessa linha, países como os Estados Unidos, anunciaram a aplicação de uma terceira dose na sua população, em um cenário de alta de casos e mortes, e baixa procura vacinal.
Na quarta-feira (18), o ministro da saúde, Marcelo Queiroga, sinalizou a inclusão no Programa Nacional de Imunizações de uma dose de reforço inicialmente para idosos e profissionais da saúde, ainda sem dar mais informações.
No entanto, vale lembrar que um em cada três brasileiros ainda não tomou nenhuma dose da vacina, e apenas 25% da população se encontra com o esquema completo. Esse quadro é ainda mais preocupante se olharmos a nível mundial.
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Menos de 35% da população mundial recebeu pelo menos uma dose da vacina contra a covid-19. Mais de 80% das vacinas foram para países de alta e média renda, enquanto no continente africano, apenas 2% se vacinaram completamente.
Não adianta um país aplicar a terceira, quarta, quinta e outros, dose nenhuma.
Diante disso, a Organização Mundial da Saúde pediu um freio na terceira dose, até que pelo menos 10% da população do mundo esteja vacinada. Como aplicar uma terceira dose onde bilhões de pessoas não tomaram nenhuma?
Precisamos sim de novas doses, mas talvez ainda não seja o momento ideal. Devemos ainda avançar, e muito, na vacinação da primeira, aumentar a produção mundial de vacinas exponencialmente, distribuir não só para quem pode comprar, pensar que só podemos vencer essa pandemia se vencermos todos juntos.
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Não adianta um país aplicar a terceira, quarta, quinta e outros, dose nenhuma.
Lembrar também que a vacina é apenas uma das estratégias contra a covid-19, talvez a mais importante nesse momento, mas não a única. Temos que ter uma campanha de vacinação forte, com propaganda em todas as mídias e a busca ativa pelas pessoas que ainda não se vacinaram ou estão com dose atrasada.
Aliada à informação de verdade de como se prevenir, esquecermos de vez álcool em gel e medicação de temperatura, e focarmos em ventilação dos ambientes, uso de boas máscaras e distanciamento físico.
Há pouco tempo não sabíamos quase nada, agora já sabemos muito. Milhões de brasileiros já se vacinaram, outros se vacinarão logo, vacinação está na nossa cultura. Apesar de muitos terem trabalhado contra, nós venceremos essa pandemia.
*Integrante da Rede de Médicos e Médicas Populares no Ceará
**Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do Brasil de Fato.
Fonte: BdF Ceará
Edição: Francisco Barbosa