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"Queixas contra urnas são vazias", diz deputado governista que "traiu" base de Bolsonaro

Deputado Luizão Goulart contrariou ordem do partido: "Não podemos retroceder ao voto impresso"

Brasil de Fato | Brasília (DF) |

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O deputado Luizão Goulart (Republicanos-PR) foi um dos três integrantes do partido ligado à Igreja Universal a "trair" Bolsonaro - Reprodução/Instagram - @DepLuizaoGoulart

O deputado Luizão Goulart (Republicanos-PR) contrariou a orientação do próprio partido e do presidente Jair Bolsonaro, de quem é apoiador, e votou contra a PEC que previa implementação do voto impresso nas eleições, durante sessão plenária da Câmara dos Deputados na noite de terça-feira (10).

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O Republicanos foi um dos três partidos (ao lado do PSL e Podemos) que fechou questão a favor do voto impresso e orientou a bancada a apoiar a PEC 135. Dos 29 deputados do partido ligado à Igreja Universal do Reino de Deus, 26 acompanharam a ordem da liderança e apenas três "traíram". PSL e Podemos tiveram seis e três traições cada um, respectivamente.

Atacado nas redes sociais por militantes bolsonaristas depois de votar contra a PEC, Goulart afirmou, em entrevista ao Brasil de Fato, que as "queixas contra as urnas eletrônicas são vazias" e que seu voto não significa um rompimento com o governo federal ou com o Republicanos.

"Esse é um assunto que não tem nada a ver com quem é contra ou a favor o presidente ou o governo. Sou conhecedor do assunto, sou a favor do voto auditável como já funciona hoje e acredito que o atual sistema precisa ser aperfeiçoado. Mas não podemos retroceder."

"Toda e qualquer mudança precisa ser muito bem estudada. Eu lembro como era o voto no papel na década de 80 e 90. Tinham muitos indícios de irregularidades e causavam confusão. Com a urna eletrônica, foi uma mudança da água para o vinho", disse.

O deputado paranaense questionou o argumento da base bolsonarista de que ser contrário à impressão do voto é atuar contra a transparência no processo eleitoral.

"Sou favorável à transparência do voto, até porque atualmente a urna eletrônica é auditada 30 dias antes da eleição, uma semana antes e no dia da eleição, tudo isso feito com participação popular, via partidos, Ministério Público, OAB e magistrados", declarou.

Goulart disse também que "a confiabilidade eletrônica de votação já se consolidou ao longo de 25 anos". Ele citou uma auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU) nas urnas eletrônicas que teria concluído que o voto eletrônico é seguro.

O congressista afirmou que a investigação feita pelo PSDB depois das eleições presidenciais de 2018 "também não encontrou nenhuma irregularidade".

Questionado sobre o resultado da votação, que enterrou a pretensão de Bolsonaro ver a emenda constitucional aprovada no Congresso, o deputado disse que "o plenário reafirmou a confiança no sistema de votação das urnas eletrônicas e nas instituições".

Resultado

O plenário da Câmara dos Deputados rejeitou a PEC do voto impresso com 229 parlamentares a favor do projeto e 218 contra, com uma abstenção. O número foi insuficiente para aprovação. Eram necessários 308 votos. Com isso, a PEC será arquivada. O resultado foi anunciado exatamente às 22h.

Um substitutivo já havia sido derrubado em comissão especial na última quinta-feira (5), por 23 a 11, mas diante da gritaria bolsonarista o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), decidiu levar a matéria ao plenário. Para, segundo ele, “pacificar” a questão. Deputados ligados ao presidente fizeram várias tentativas de adiar a sessão desta noite, mas foram derrotados.

Edição: Leandro Melito