Durante as manifestações que aconteceram no último sábado (24), mais de 600 mil pessoas em mais de 400 cidades do Brasil exigiram vacina, emprego, auxílio emergencial e o “Fora Bolsonaro”.
Os protestos aconteceram em um contexto de piora das condições de vida dos brasileiros, que sofrem com o avanço da pandemia, que já deixou mais de 550 mil mortos, além de desemprego e alta dos preços dos alimentos.
De acordo com o deputado federal Orlando Silva (PCdoB-SP), é preciso que a população continue indo às ruas para que o ministro Paulo Guedes seja pressionado e a situação da falta de emprego seja solucionada.
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“Se está ruim, pode ficar pior. Qual a solução? Lutar. Nós temos que, com todo o cuidado, lotar as ruas, pressionar o Congresso Nacional, pressionar o presidente da República e exigir mudança. É necessário nós termos um caminho para geração de emprego e renda”, afirmou durante entrevista ao Brasil de Fato e à TVT diretamente do protesto que aconteceu na avenida Paulista.
Segundo ele, as constantes ameaças à democracia que estão sendo feitas certamente incentivaram as pessoas a irem às ruas para mostrar que são contra o avanço do autoritarismo no Brasil. “Com democracia não se brinca. As forças armadas têm um papel que está na Constituição. Politizar as forças armadas é algo muito perigoso. Nós temos que gritar bem alto: ‘ditadura nunca mais’”, disse.
Raimundo Bonfim, da Frente Brasil Popular, que faz parte da organização do ato, mostrou ter o mesmo pensamento em relação à pressão que as ruas precisam fazer em relação ao governo de Jair Bolsonaro.
“O que significa o ‘Fora Bolsonaro’? Ele é responsável pelo desemprego, pela fome, pelo aumento da miséria, pela destruição ambiental do nosso país, pela morte de quase 560 mil pessoas e pelo ataque à democracia do nosso país. É por isso que não dá para esperar 2022”, disse.
De acordo com Kelly Monfort, da direção nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), é perceptível como a adesão aos protestos está sendo cada vez maior por parte de vários setores. Ela, que fez parte de manifestação em Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, notou um maior número nas ruas no último fim de semana.
“Eu notei hoje muitas pessoas com placas dos familiares que perderam, as vítimas desse genocídio em curso no nosso país, pessoas com camisetas lembrando dos seus familiares, amigos próximos… então, isso foi muito importante. Na medida que os atos vão se tornando espaços plurais, a tendência é a sociedade crescer e avançar nessa participação política tão necessária”, afirmou.
Segundo Monfort, também é revoltante que as pessoas estejam sofrendo tanto para conseguir se alimentar no Brasil. “Essa é uma situação extremamente grave, mas tem uma responsabilidade direta no governo por conta do sucateamento das políticas públicas de fortalecimento da agricultura familiar. Esse é o momento que nós mais precisávamos de um programa de aquisição de alimentos e o governo Bolsonaro desmantelou essa política”, disse.
Os atos também contaram com a participação de vários artistas. Um deles foi o ator Paulo Betti, que comentou sobre a importância de a classe artística fazer parte dos protestos que estão acontecendo pelo país.
“A classe artística tem uma compreensão quase unânime de que este governo é nocivo, de uma forma maligna para a cultura no sentido de procurar cercear, de uma forma inimaginável, a expressão cultural geral no país”, explicou.
A população mostrou sua insatisfação com o governo em várias partes do Brasil. Imagens mostram que famílias foram unidas nos atos. Além disso, os manifestantes também convidaram, por meio de cartazes, aqueles que votaram em Bolsonaro, mas não concordam mais com ele para participarem dos protestos.
Em Brasília, por exemplo, um grande número de pessoas se reuniu no Museu Nacional da República, na Esplanada dos Ministérios. A manifestação seguiu rumo ao gramado do Congresso Nacional.
Em Santa Catarina, milhares de pessoas seguiram em marcha pelas ruas centrais da cidade no quinto ato que aconteceu na região. Nele, uma comissão sanitária fazia questão de, a todo momento, avisar sobre os protocolos de higiene durante a manifestação para evitar que os manifestantes sejam contaminados com o coronavírus.
Em Recife, o ato começou por volta das 10h e os manifestantes percorreram cerca de 5 km da região central. Os organizadores apontaram que o protesto do final de semana conseguiu reunir 25 mil pessoas.
Edição: Rebeca Cavalcante