A corrupção nas Forças Armadas sempre ocorreu, como em qualquer outra organização ou instituição, e continua acontecendo, aponta a CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Covid.
No período da ditadura militar, o general Geisel deixou registrado um diálogo no livro “História Indiscreta da Ditadura e da Abertura”, de Ronaldo Costa Couto: "É. Porque a corrupção nas Forças Armadas está tão grande, que a única solução para o Brasil é fazer a abertura." Logo abaixo comentavam sobre o papel dos militares fora das Forças Armadas. Geisel sabia a hora de recuar para não ser cercado.
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Na atual crise da CPI, já entrou no radar dos senadores o primo do ex-diretor Roberto Ferreira Dias, o Ronaldo Ferreira Dias, sempre aparece algum parente, como informa a "teoria do nepotismo", que foi presidente da Associação de Laboratórios Farmacêuticos Oficiais do Brasil e presidente da Bahiafarma.
Circulam em Brasília rumores sobre a existência de um dossiê com a "memória" de várias negociatas no ramo envolvendo políticos graúdos do centrão e muitos generais, além de Pazuello e seus coronéis. Os mais importantes políticos do centrão acoplados com o bolsonarismo estão envolvidos, de modo que o caldo de denúncias é grosso, o que motivou a nota das forças armadas em defesa do bolsonarismo.
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Não serão os comandantes e generais que salvarão politicamente Bolsonaro e seus apaniguados, mas Bolsonaro e seus politiqueiros é que arrastarão e afundarão politicamente toda esta atual geração de chefes militares para a maior vergonha e derrota política em 200 anos de história do Exército.
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Se estudarem as manobras de Geisel saberão o que acontecia no final da ditadura, quando eram jovens oficiais e a ditadura também saiu derrotada. Agora pode ser bem pior para eles.
*Ricardo Costa de Oliveira é professor na UFPR e autor de “Na teia do nepotismo – sociologia política das relações de parentesco e poder político no Paraná e no Brasil”
**Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato.
Fonte: BdF Paraná
Edição: Lia Bianchini