Os entregadores que trabalham para aplicativos realizam nesta sexta-feira (23) o chamado Apagão dos Apps, ao lado de clientes e consumidores apoiadores da luta contra as precárias condições de trabalho.
Sem vínculos, garantias ou assistência, 52% dos entregadores afirmam trabalhar todos os dias por semana em uma jornada de ao menos nove horas diárias. Mesmo assim, 60,3% relatam queda da renda mensal.
“Isso é empreendedorismo pra vocês? O capitalismo deu muito errado”, afirma a organização dos atos. No início da tarde, a hashtag #ApagaoDosApps ganhou as redes sociais e figurou nos assuntos mais comentados do Twitter, competindo em engajamento no país com temas relacionados às Olimpíadas.
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“A uberização não é exclusiva dos entregadores e motoristas de aplicativos. Ela também vai chegar em você. Junte-se a nós”, conclamam.
O apelo é para que nesta sexta-feira (23) os clientes não utilizem aplicativos de entrega, como forma de protesto contra as más condições de trabalho. O movimento foi idealizado por Paulo Lima, o Galo, dos Entregadores Antifascistas.
Segundo Galo, a ideia da mobilização é “basicamente, os clientes não comprarem, negativarem os aplicativos e comentarem sobre a precarização do trabalho. Isso é muito poderoso. Nóis é tudo a mesma fita, classe trabalhadora. Você que se pergunta como pode ajudar, pode assim”.
Repercussão
Como um dos assuntos mais comentados das redes sociais, o Apagão dos Apps conta conta com inúmeras mensagens de apoio. “A maioria dos entregadores trabalha mais de nove horas por dia. E mesmo assim não tem seus direitos reconhecidos. Hoje é dia de mobilizar pro #ApagaoDosApps, por reconhecimento e pela garantia dos direitos dos trabalhadores que mais foram pras ruas durante a pandemia”, disse a vereadora carioca Tainá de Paula (PT).
O deputado federal Marcelo Freixo (PSB-RJ), líder do bloco da minoria na Câmara, também chamou a atenção para o justo pleito dos entregadores. “Eu quero um Brasil em que todos os trabalhadores possam viver com dignidade e recebam salários decentes para sustentar suas famílias e terem fé no futuro. Se você também quer um Brasil assim, você está ao lado da luta dos entregadores por aplicativo”, disse.
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“Os entregadores por aplicativo são pais e mães de família que trabalham em condições extremamente precárias, sem nenhum tipo de proteção, p/ botar comida na mesa. Vamos fortalecer a luta desses trabalhadores por dignidade”, completou Freixo. O líder do Movimento dos Trabalhadores sem Teto (MTST), Guilherme Boulos, deixou sua mensagem nas redes sociais. “Todo apoio à luta dos entregadores de aplicativo contra a precarização.”
A Federação Única dos Petroleiros (FUP) se somou ao movimento. “Estamos juntos com os entregadores e entregadoras na luta contra a precarização. Com o aumento dos combustíveis e a obsessão capitalista pelo lucro, a vida deles está cada vez mais complicada. Pra cima”, afirmou a entidade.