As manifestações do #24J nas ruas do país no próximo sábado pelo impeachment de Bolsonaro tiveram confirmados, até quarta-feira (21) à noite, 294 atos em 285 cidades de 15 países. Entres os organizadores estão as frentes Brasil Popular e Povo sem Medo, que, juntas, agregam mais de um centena de organizações sociais. A Campanha Nacional Fora Bolsonaro, criada em junho de 2020, reúne ainda as centrais sindicais e diversos partidos, como PT, PSB, PDT, PSOL, PCdoB, PSTU, PCB, PCO e UP.
Além disso, algumas das principais lideranças dessas agremiações e entidades tratam como positiva a adesão aos protestos de representantes de espectros políticos para além da esquerda.
“A urgência é remover o atual presidente da República e estancar a destruição que seu governo promove no país”, avaliam pessoas ouvidas pela RBA. Auxílio emergencial de R$ 600 e vacina contra a covid-19 para toda a população são bandeiras do #24J.
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“Avalio como positivo que setores da direita democrática se incorporem às manifestações. Seja motivados pelos crimes de responsabilidade e contra democracia, seja pela sabotagem do governo Bolsonaro ao combate à covid”, diz Raimundo Bonfim, coordenador nacional da Central de Movimentos Populares (CMP) e da Frente Brasil Popular.
“Se a esquerda saiu na frente, cabe à direita também entrar. As ruas são democráticas”, acrescenta.
Na opinião do deputado federal Ivan Valente (Psol-SP), o mais importante na atual conjuntura é “fazer uma grande manifestação contra o bolsonarismo”.
Para ele, se a hegemonia da organização e mobilização é da esquerda, e mesmo que os partidos conservadores, enquanto instituições, não se manifestem oficialmente, serão bem-vindas as pessoas individualmente, figuras públicas, cidadãos e cidadãs, independentemente das cores partidárias. “Não tem problema nenhum. Quanto mais amplo, melhor”, afirma.
“Quem quiser somar deve ir”
“O PSDB, por exemplo, tem baixa capacidade de mobilização. As grandes figuras não estão indo mesmo. Claro que o PSDB esteve envolvido no golpe institucional de 2018. Mas agora o principal é se chegar ao impeachment de Bolsonaro ou a sua derrocada. Quem quiser somar nessa direção, deve ir ao ato”, pondera o parlamentar do Psol. “Não tem sentido querer fazer um ato só do campo de esquerdas. E quem não quer impeachment de Bolsonaro não vai estar lá mesmo.”
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Na opinião de Bonfim, embora a presença de figuras da esquerda à direita democrática seja positiva para somar forças contra o mal maior, ainda é “muito tímida” a disposição do PSDB. Em 3 de julho, filiados do partido na cidade de São Paulo participaram das manifestações. Na ocasião, o presidente do diretório municipal, Fernando Alfredo, afirmou que os tucanos foram à rua “para pedir o impeachment do Bolsonaro”.
Alfredo se coloca como oposição ao presidente. O PSDB tem 33 deputados federais e até o momento nenhum deles, a não ser, ironicamente, Alexandre Frota (SP), se posicionou a favor do impeachment, como fez até mesmo o partido Novo, do ex-banqueiro João Amoêdo. “O PSDB tampouco sinaliza nesse sentido”, constata o coordenador da CMP.
Outras manifestações
A deputada estadual do PSDB Maria Lúcia Amary, parlamentar na Assembleia Legislativa de São Paulo desde 2003, diz preferir não se manifestar sobre apoiar impeachment e o “fora Bolsonaro”, já que o partido e a direção nacional ainda não discutiram a questão. “Uma decisão como essa entendo que tem que ser partidária, das executivas nacional e estadual, no meu caso, e dos deputados federais e estaduais”, diz.
Já o Movimento Brasil Livre (MBL), do deputado federal Kim Kataguiri (DEM-SP), promoverá manifestações contra o presidente da República, Jair Bolsonaro, em 12 de setembro. “A gente considera que são inaceitáveis as inúmeras traições e sabotagens que o presidente da República tem feito desde sua eleição”, declarou. Essas manifestações são convocadas separadamente também por outras agremiações de direita, como o Vem Pra Rua. Isso porque, segundo alegam, querem evitar conflitos como os episódios isolados envolvendo militantes do PCO e do PSDB, no dia 3 de julho.
::Oposição e ex-aliados se unem em superpedido de impeachment contra Bolsonaro::
Em nota intitulada “Em Defesa da Vida e da Democracia”, a organização “Bloco Democrático”, que reúne inúmeros partidos e entidades, afirma que #24J é “dia de unir o país em defesa da democracia, da vida dos brasileiros e do Fora Bolsonaro”.
Líderes da esquerda e da direita já chegaram a se entender em torno do superpedido de impeachment apresentado à Câmara dos Deputados no último dia 30. A ação assinada por mais de 40 pessoas, das centrais sindicais e movimentos populares, passando por parlamentares da oposição e de direita.
A peça foi elaborada por advogados como Mauro Menezes, que já relatou alguns dos mais de 100 pedidos de impeachment de Bolsonaro, juristas do grupo Prerrogativas, da Associação Juristas pela Democracia (AJD) e Associação Brasileira de Juristas pela Democracia (ABJD). Estão representados no superpedido de impeachment de Bolsonaro PT, PDT, PSB, PC do B, PSOL, Coalizão Negra por Direitos, UNE, MBL e ex-aliados bolsonaristas Alexandre Frota (PSDB-SP), Joice Hasselmann (sem partido-SP) e Kim Kataguiri.
Leia a nota:
“BLOCO DEMOCRÁTICO – Em Defesa da Vida e da Democracia.
24 de Julho – #24J – Dia de unir o país em defesa da democracia, da vida dos brasileiros e do Fora Bolsonaro
O Brasil vive uma das maiores tragédias da sua história, com a perda de 540 mil vidas para a pandemia do Covid 19. Nesse difícil momento, a ação do governo federal tem sido marcada de maneira criminosa pela irresponsabilidade e descaso com a defesa da vida do nosso povo, atacando a ciência e sabotando a vacinação, usando o momento de dor e perda por que passamos como uma oportunidade para ações corruptas, reveladas pela CPI da pandemia.
Ao mesmo tempo em que sabota todos os esforços da sociedade para vencer o coronavírus, Bolsonaro ataca diariamente o regime democrático brasileiro e busca, inequivocamente, as condições para a imposição de um regime autoritário que destrua as instituições republicanas para acabar com as liberdades democráticas.
Não é a primeira vez que o Brasil enfrenta essa ameaça. Já assistimos a esse filme e sabemos o caminho para derrotar o arbítrio. É hora de unir os brasileiros, independente de colorações partidárias e ideológicas, na defesa intransigente da democracia. É preciso, ainda, apoiar as demandas sociais pelo auxílio emergencial de $600, vacina para todos já, contra a carestia e política ativa de geração de empregos de qualidade.
Por isso convidamos a todos para vir à Avenida Paulista, no dia 24 de julho. Estaremos com as nossas bandeiras do Brasil, em frente ao Conjunto Nacional, a partir das 15 horas.
Assinam o texto:
Acredito
Agora
Central de Sindicatos Brasileiros (CSB)
Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB)
Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB)
Confederação das Mulheres do Brasil (CMB)
Derrubando Muros
Federação das Mulheres Paulistas – FMP
Federação dos Bancários de São Paulo
Força Sindical
Juventude Pátria Livre (JPL)
Juventude Socialista do PDT de São Paulo (JS)
Nova Central Sindical de Trabalhadores (NCST)
Pública Central do Servidor
União Geral dos Trabalhadores (UGT)
União da Juventude Socialista (UJS)
União Municipal de Estudantes Secundaristas (UMES)
União Nacional dos Estudantes (UNE)
Cidadania
PV
PCdoB
PDT
PSB
PSDB
Rede Sustentabilidade
Solidariedade