Golpe na Comissão

Deputados governistas atrapalham reunião da PEC do voto impresso e impedem derrubada do projeto

Acordo entre deputados da comissão derrubaria relatório de deputado bolsonarista, mas sessão foi encerrada abruptamente

Brasil de Fato | Brasília (DF) |

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Parecer de Filipe Barros (PSL-SP), favorável ao voto impresso, seria derrubado após acordo de deputados da oposição - Marcelo Camargo/Agência Brasil

Um grupo de deputados bolsonaristas conseguiu impedir que a Comissão Especial da Câmara que analisa a proposta de voto impresso não finalizasse os trabalhos na tarde desta sexta-feira (16). A oposição tinha maioria para derrubar o avanço da proposta.

Na noite de quinta-feira (15), 18 deputados titulares fizeram um acordo para não aprovar o andamento da proposta, apoiada de forma enfática pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) desde a sua eleição para o Executivo federal, em 2018.

Contudo, durante a reunião que vetaria o projeto, o presidente Paulo Eduardo Martins (PSC-SP) encerrou a sessão antes do previsto e conseguiu evitar a votação do parecer do relator, o deputado Filipe Barros (PSL-PR), favorável ao voto impresso.

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Antes disso, Barros (PSL-PR) falou por quase 30 minutos, sem interrupção. Durante a fala, a oposição dentro do colegiado pedia a suspensão do discurso e votação do relatório. O presidente ignorou e deu os trabalhos por concluídos.

Segundo Martins, como o relator disse que queria fazer mudanças no texto, ele concedeu o prazo para o relator fazer os ajustes. Acusado de manobra contrária ao regimento para evitar a votação do parecer, o presidente da comissão foi substituído pelo deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP). O petista deu sequência aos trabalhos da comissão depois de alguns minutos de paralisação.

A transmissão da sessão no canal de YouTube da Câmara dos Deputados, no entanto, foi interrompida e a validade da continuidade dos trabalhos não foi reconhecida até mesmo por deputados da oposição.

Com o encerramento de sessão, o tema só voltará à pauta depois do recesso legislativo, que vai perdurar pelas próximas duas semanas. Veja a reação de deputados da oposição:

Fraude? Bolsonaro pode ser investigado

O procurador-geral da República (PGR), Augusto Aras, está cada vez mais pressionado por seus pares a se manifestar sobre a tese – sem provas – de fraude nas eleições aventada pelo presidente Jair Bolsonaro.

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Nesta quarta-feira (14), 31 sub-procuradores-gerais da República assinaram uma representação que havia sido apresentada na terça-feira (13) por outros 5 sub-procuradores. Trata-se de um pedido de abertura de investigação, por parte de Aras, das falas de Bolsonaro que colocam as eleições em dúvidas.

Com o “reforço”, já são, ao todo, 36 integrantes – de um total 74 – que querem que a conduta de Bolsonaro contra o sistema eleitoral seja investigada.

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“Os subprocuradores-gerais da República abaixo assinados, tendo em vista a gravidade das manifestações do presidente da República Jair Bolsonaro (…), entendem oportuno externar a Vossa Excelência, por nossas vozes, a gravidade da situação, que demanda a atuação efetiva, firme e preventiva do Ministério Público”, diz um trecho da representação.

Nos últimos dias, Bolsonaro tem intensificado seus ataques ao sistema eleitoral, alegando fraude sem provas, e chegou, inclusive, a ameaçar a realização do pleito em 2022.

Edição: Rebeca Cavalcante