Direitos humanos

Argentina aprova lei de cota de trabalho trans e garante inserção no setor público

Lei aprovada prevê 1% das vagas do setor público deve ser destinado à comunidade travesti, transsexual e transgênero

Brasil de Fato | Buenos Aires (Argentina) |
A Casa Rosada foi iluminada com as cores da bandeira trans na noite da aprovação da lei de cota de trabalho travesti e trans nesta quinta-feira (24) - Presidência Argentina

Nesta quinta-feira (24), o Congresso argentino aprovou a lei de cota de trabalho trans, fruto de uma longa e persistente militância que busca reparação e inclusão da comunidade travesti, transsexual e transgênero no país.

Continua após publicidade

:: Mãe trans reconquista a guarda do filho depois de sofrer transfobia no Pará ::

Com 55 votos afirmativos, 1 negativo e 6 abstenções, a lei aprovada prevê 1% do setor público deve ser destinado a pessoas trans, e garante incentivos fiscais para o setor privado cumprir a mesma meta.

O país já conta com um decreto, firmado no ano passado, que estabelece o piso de 1%. Assim como o decreto, a lei sancionada determina não ser necessário haver terminado os estudos para acessar o emprego, e que o Estado deve acompanhar a conclusão escolar das pessoas contratadas.

Um dos pontos que a lei agrega, que não constava no decreto, é o não bloqueio de acesso ao trabalho por antecedentes penais, considerando a perseguição e violência institucional que a comunidade travesti e trans sofre historicamente.

:: “Mais do que nunca é necessário termos consciência de classe”, diz parlamentar trans ::

"Estamos construindo um futuro de amor, igualdade e liberdade para as infâncias trans de todo o país”, ressaltou a deputada e autora do projeto Gabriela Estévez (Frente de Todos).

O tratamento do projeto no Senado, já aprovado pela Câmara dos Deputados. As organizações que compõem a Campanha Nacional pela Cota e a Inclusão Travesti Trans se reuniram em frente ao Congresso e realizaram o tradicional "lençaço" ("pañuelazo") em reivindicação à sanção da lei.

:: Artigo | Ventos de esperança que saem dos Andes: a derrota da direita chilena :: 

"Estamos discutindo algo além da cota", interviu a senadora Norma Durango (FdT) durante a sessão. "Estamos discutindo se este coletivo começará a ter os direitos humanos que, como cidadãos, lhes correspondem."


Legisladores e militantes comemoram sanção da lei trans no Congresso Nacional / Presidência Argentina

A trajetória militante que permitiu a aprovação da lei, é legado de duas referências na militância travesti e trans na Argentina: Diana Sacayán e Lohana Berkins.

Seus nomes são também o nome da lei que ajudaram a construir, em sua versão completa: Lei de Promoção de Acesso ao Emprego Formal para Pessoas Travestis, Transexuais e Transgênero "Diana Sacayán - Lohana Berkins".

:: Como mudar nome e gênero no documento de identificação? Veja o passo a passo ::

Em entrevista à Nodal, a presidente da Otrans, Claudia Vázquez Haro, ressalta que a demanda é histórica.

"Muitas de nós entendemos, desde um primeiro momento, que a prostituição não foi uma escolha, mas um destino e uma imposição resultantes da exclusão social do Estado, dos mercados e disso que se apresentava como um destino petrificado", afirma.

*Com informações da Página 12.

 

Edição: Vivian Virissimo