Nesta segunda-feira (14), em Bruxelas, na Bélgica, teve início a 31ª Cúpula da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), que reúne chefes de Estado de 30 países ocidentais em uma aliança militar, para debater uma nova estratégia mundial contra os "avanços da China e da Rússia".
A Otan foi criada em abril de 1949, como uma liga composta pelas maiores potências econômicas do mundo ocidental, em um contexto de Guerra Fria. Passadas mais de seis décadas, o grupo continua ativo e formando operações militares conjuntas contra o que consideram ameaças à sua segurança ou à "segurança global".
A proposta do encontro que acontece em Bruxelas é aprovar a agenda Otan 2030, que substituirá a agenda atual, aprovada em 20210, em Lisboa, Portugal.
A "agenda transatlântica para o futuro" altera artigos para incluir as guerras híbridas, ciberataques e as mudanças climáticas como riscos para a segurança global.
Para isso, o secretário-geral da organização, o economista norueguês Jens Stoltenberg, propôs dobrar o orçamento da Otan nos próximos dez anos, com uma parcela de US$ 2 bilhões por membro. Atualmente cerca de 1,73% do PIB dos 30 países é destinado a financiar a aliança militar. No ano passado, esse montante representou US$ 1,03 trilhão (aproximadamente R$ 5,15 trilhões) - o maior orçamento de defesa do mundo.
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Stoltenberg também declarou que as relações com o governo russo e a reunião agendada do presidente Joe Biden com Vladimir Putin, no dia 16 de junho, são temas de debate.
"Nossas relações com a Rússia estão no nível mais baixo desde a Guerra Frida", afirmou Stoltenberg durante a abertura do encontro.
De 2020 para cá, a Otan aumentou a presença de tropas nas fronteiras com a Rússia, assim como realizou exercícios militares em abril deste ano na Ucrânia, reanimando as tensões com Moscou.
Nesta segunda, durante a realização da cúpula, a aliança militar também movimentou dois navios de guerra no Mar Negro, entre eles o defensor de mísseis HMS Defender, da marinha inglesa. As embarcações passaram a ser vigiadas pela marinha russa, segundo comunicado do Centro Nacional de Defesa do país.
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Enquanto tenta cercar militarmente o território russo, a Otan também debate como frear o avanço tecnológico chinês, que, segundo o próprio Stoltenberg, "não compartilha dos mesmos valores do Estados-membro do Tratado".
"O desenvolvimento militar da China, sua crescente influência e seu comportamento coercitivo impõem desafios para a nossa segurança", afirmou o secretário-geral da Otan durante seu discurso de abertura do evento.
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O representante da Otan ainda reiterou que os governos devem aumentar a ciberdefesa nos países da África para conter o avanço da tecnologia chinesa de 5G no continente.
A discussão na cúpula do Tratado acontece no mesmo dia em que a gigante chinesa Huawei anunciou um novo sistema operacional, HarmonyOS, dois anos após EUA banirem seu acesso aos aplicativos da Google.
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Edição: Vinícius Segalla