MEDO E TENSÃO

Garimpeiros usam bombas de gás lacrimogênio para atacar indígenas Yanomami em RR

Indígenas se refugiaram no mato antes de os garimpeiros entrarem na comunidade; ainda não há informação sobre feridos

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Impacto do garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami - Daria Kopenawa

Quatro barcos com garimpeiros armados invadiram a Comunidade Maikohipi na madrugada do último dia 05 de junho, na região do Palimiu, em Roraima. Com bombas de gás lacrimogêneo, os invasores chegaram por volta da uma hora da manhã no Território Yanomami. 

Ataque aconteceu um dia após o término da Operação Palimiú 1, do Exército Brasileiro e da Polícia Federal, que desativou 7 garimpos ilegais na região entre os dias 12 de maio e 04 de junho.

A Hutukara Associação Yanomami (HAY) enviou um ofício na última segunda-feira (7) à Frente de Proteção Etnoambiental Yanomami da FUNAI, à Superintendência da Polícia Federal em Roraima (PF/RR), à 1ª Brigada de Infantaria da Selva do Exército – 1ª BIS e ao ao Ministério Público Federal em Roraima solicitando segurança para os indígenas Yanomami. 

“Os indígenas informaram que foram lançadas bombas que soltavam gás e fazia arder os olhos. Assistindo o início do ataque, os Yanomami tiveram de se refugiar no mato antes de os garimpeiros entrarem na sua comunidade. Ainda não há informação quanto a possíveis feridos no ataque”, diz trecho da nota.

O documento assinado por Dario Kopenawa Yanomami, vice-presidente da associação, diz que “o relato dos Yanomami protesta contra a situação de insegurança vivida pelos indígenas em razão da presença garimpeira ilegal no interior da Terra Indígena Yanomami, apesar de todos os avisos”. 

“Diante disso, mais uma vez, insistimos para que continuem atuando para impedir o avanço da atividade ilegal e a consequente espiral de violência, para garantir a segurança às comunidades indígenas no Palimiu, e na Terra Indígena Yanomami, com a presença constante das forças públicas de segurança e fornecimento contínuo de apoio logístico para operações”, finaliza o documento. 

Outros Ataques

A região do Palimiu vive uma rotina de medo e tensão. No último dia 10 de maio, embarcações se aproximaram da Comunidade Palimiu às margens do Rio Uriracoera e começaram a atirar contra os indígenas

No dia seguinte (11), um novo tiroteio durante uma visita da Polícia Federal deixou duas crianças mortas - para fugir dos tiros, as crianças de um e cinco anos se esconderam na mata e caíram no rio, morrendo afogadas.

Os dias que se seguiram foram marcados por novos ataques com arma de fogo e bombas de gás lacrimogêneo. Durante o mês de maio, quatro ofícios da Hutukara Associação Yanomami (HAY) pedindo segurança para os indígenas da Comunidade Palimiu foram ignorados pelas autoridades. 

A região passou a ter alguma atenção das autoridades após o Supremo Tribunal Federal (STF) ordenar que a União garantisse a segurança dos Yanomami.




 

Edição: Vivian Virissimo