Pandemia

Sob protesto, seleção brasileira decide jogar Copa América

Jogadores devem anunciar nesta terça-feira (8) posicionamento contra realização do torneio no Brasil

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Apesar do agravamento da pandemia no Brasil, o governo Bolsonaro foi um dos articuladores para a realização da Copa América no país
Apesar do agravamento da pandemia no Brasil, o governo Bolsonaro foi um dos articuladores para a realização da Copa América no país - Lucas Figueiredo / CBF

Os jogadores da seleção brasileira decidiram participar da Copa América, que tem início marcado para o próximo domingo (13), mas sob protesto. As informações são dos jornalistas Bruno Cassucci, Eric Faria, Martín Fernandez e Raphael Zarko, do portal G1. O Brasil estreia contra a Venezuela, no estádio Mané Garrincha, em Brasília.

A decisão dos atletas será comunicada apenas nesta terça-feira (8), após a disputa de jogo contra o Paraguai pelas eliminatórias da Copa do Mundo do Catar.

Desde a última segunda-feira (31), quando o Brasil foi anunciado como nova sede do torneio, os jogadores da seleção passaram a discutir um possível boicote, mas decidiram se posicionar com uma “nota de repúdio”.

De acordo com os jornalistas do G1, o tema foi tratado junto a líderes de outras seleções sul-americanas que participarão da competição e a falta de consenso pelo boicote fez com que a ideia não seguisse adiante.

A questão técnica também pesou na decisão, pois será a última oportunidade da seleção se reunir em um longo período, antes da Copa de 2022.

Rogério Caboclo

A insatisfação dos jogadores foi motivada pela forma que o presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Rogério Caboclo, anunciou a troca de sede da Copa América, sem consultar os atletas. Argentina e Colômbia, que sediariam a competição, desistiram por causa do agravamento da pandemia e da crise política, respectivamente.

Neste domingo (6), Caboclo foi afastado da presidência da CBF, por 30 dias, após denúncias de assédio sexual e moral. O vice-presidente mais velho, Antônio Carlos Nunes, assume durante o período de afastamento.

Na semana em que a disputa ou não da Copa América foi debatida internamente na seleção, o único a se pronunciar foi o volante Casemiro, na saída de campo após vitória por 2 a 0 sobre o Equador em partida válida pelas eliminatórias da Copa do Mundo.

“Queremos falar, expressar a nossa opinião, se é certo ou não, cada um vai determinar, mas queremos expressar nossa opinião, sim”, disse à TV Globo.

Política em jogo

Apesar do agravamento da pandemia no Brasil, o governo Bolsonaro foi um dos articuladores para a realização da Copa América no país, com a CBF. Na avaliação do cientista político e membro do Instituto de Advogados Brasileiros (IAB) Jorge Rubem Folena, Bolsonaro utiliza o torneio como uma provocação.

Nesse sentido, ao defender a realização, coloca-se, mais uma vez, contra as medidas de distanciamento necessárias para conter a transmissão da doença. A aposta é criar “um estado de caos”, estabelecendo um “confronto político constante”.

“A CBF tem essa ligação com a ditadura. E Bolsonaro tenta agir como Médici (presidente do período da ditadura), querendo copiá-lo. É uma lástima para o país a organização desse torneio”, afirmou Folena, em entrevista a Marilu Cabañas, para o Jornal Brasil Atual, nesta segunda-feira (7).