GREVE GERAL

Comitê Nacional de Paralisação da Colômbia rompe mesa de diálogo com governo Duque

Grupo que reúne 29 organizações sociais denuncia descumprimento por parte do governo de pré-acordos com os grevistas

Brasil de Fato | Caracas (Venezuela) |
Comitê Nacional de Paralisação da Colômbia rompe com mesa de diálogos acusando instransigência do governo - Congreso de los Pueblos

O Comitê Nacional de Paralisação da Colômbia decidiu romper com a mesa de negociações depois de mais de 40 dias de greve geral e sem chegar a acordos com o governo colombiano. O CNP acusa o presidente Iván Duque de dilatar o processo e descumprir os pré-acordos e garantias mínimas de manifestação pacífica. Já o governo exige o levantamento dos bloqueios para retomar o diálogo.

"Depois de oito dias de intensas conversas, o governo disse que submeteria o conjunto de pré-acordos a consulta do seu gabinete de ministros. Agora, voltou à mesa para reabrir a discussão sobre os pontos pré-acordados", afirmam, em comunicado. 

::28/6/2021: Colômbia completa 1 mês de paralisação nacional com 60 mortos e 120 desaparecidos::


Em comunicado, Comitê Nacional de Paralisação explica motivos para ruptura com a mesa de diálogo na Colômbia / CNP

Além dos pré-acordos, que incluíam o fim da militarização das cidades e garantias à mobilização pacífica, o CNP, criado durante as paralisações de novembro de 2019, também apresentou um conjunto de demandas, no dia 19 de junho de 2020, que até hoje não foram apreciadas pelo Executivo. 

:: Acompanhe cobertura completa da Greve Geral na Colômbia :: 

As petições populares são por uma reforma policial que garanta o fim do Esquadrão Móvil Antidistúrbios (Esmad) - espécie de BOPE colombiano -, assim como um projeto de renda básica universal para atender os trabalhadores durante a pandemia, e a ampliação do acesso à saúde e educação públicas. 

Segundo dados oficiais, 42,5% da população colombiana vive em situação de pobreza. Em pouco mais de um ano de pandemia, o país registra 3,57 milhões de casos e 91.961 falecidos pelo novo coronavírus. 

Visita da CIDH 

Começa nesta segunda-feira (7) a visita da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) à Colômbia para verificar as denúncias de brutalidade policial e intransigência da administração Duque nas negociações. 

Na terça-feira (8), a CIDH irá se reunir com representantes do Comitê e também visitará os pontos de concentração dos atos e bloqueios de rua.

Desde o dia 28 de abril, quando iniciou a greve, foram registrados 77 homicídios, 2808 detenções arbitrárias e mais de 1200 feridos, segundo levantamento do Comitê de Paralisação.


Movimentos sociais realizam assembleia popular na zona sul de Bogotá para definir demandas da paralisação nacional da Colômbia / Congreso de los Pueblos

Paralelamente, partidos políticos, organizações e movimentos camponeses organizam uma Assembleia Popular na zona sul de Bogotá para reunir as demandas dos diversos setores que compõem a paralisação e, assim, organizar um documento amplo de reivindicações da greve geral. 

"O máximo responsável pelo que vem acontecendo é o presidente Duque e seu governo. Com seu afã por acolher a orientação do seu partido de não negociar com o CNP, vemos agora os resultados", denuncia o comunicado. 

::Iván Duque representa uma “ultradireita miliciana”, afirma ativista colombiana::

A mesa de diálogo foi aberta no dia 24 de maio. Quatro dias depois, porém, o presidente Iván Duque descumpriu a lista de pré-acordos estabelecidas com os grevistas e decretou a intervenção militar em oito estados e 13 municípios colombianos. 

Somente no primeiro dia de militarização em Cali, capital do estado Valle del Cauca, foram registrados 13 mortos pela ação policial, no mesmo dia em que Duque visitava a região. 

Edição: Vinicius Segalla