Uma fila para alugar bicicletas foi o motivo de uma confusão que tomou conta do Largo do Machado, na zona sul do Rio de Janeiro, na tarde de quinta-feira (3).
Policiais militares tentaram dar prioridade a uma mulher no acesso aos veículos, deixando para trás alguns entregadores que aguardavam sua vez.
Segundo a Polícia Militar do Rio de Janeiro, os entregadores impediriam que outras pessoas acessassem as bicicletas, enquanto aguardavam chamados de aplicativos para entregas. A versão é desmentida por Luiz Paulo, um dos trabalhadores que estava na fila.
“Isso é mentira, não existe. Até porque, o acontecido foi comigo e o que o policial falou na minha cara, que eles tinham prioridade por serem ricos. A gente também paga pela bicicleta”, afirmou o entregador, em entrevista ao Brasil de Fato.
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Os entregadores reclamaram da tentativa dos policiais de passarem uma mulher na frente e os agentes, então, teriam abdicado do diálogo e partido para a violência. Neste momento, a advogada Vanessa Lima tentou intervir para evitar as prisões e também teria sido agredida pelos militares.
Paulo explica que, em seguida, houve uma reação de outros entregadores que estavam na fila. “Somos uma categoria. Todos se sensibilizaram e aconteceu aquilo ali”, explica o trabalhador.
Os entregadores tentaram evitar a prisão e chegaram a trocar socos com os policiais. Um jornalista que passava no local e tentou gravar a ação também foi agredido pelos agentes. Veja as imagens.
Dois entregadores, a advogada e o jornalista foram presos e conduzidos ao 9º DP, no Catete, para prestarem esclarecimentos. Mais tarde, todos foram liberados. Para a Ordem dos Advogados do Brasil do Rio de Janeiro (OAB), houve “despreparo” dos policiais durante a ação.
“Ao tentar mediar o conflito, Vanessa constatou ilegalidades perpetradas por parte dos policiais e se apresentou como advogada e integrante da Comissão de Direitos Humanos da OAB-RJ”, explica o órgão.
“As agressões físicas, verbais e morais a uma advogada por parte de policiais demonstram não apenas o despreparo de profissionais, mas caracterizam um evidente desrespeito ao Estado democrático de Direito e à cidadania. Ao ignorar seus deveres perante a sociedade, o agente estatal atinge a própria entidade e coloca em risco toda a coletividade”, encerra a OAB-RJ.
Em entrevista ao portal G1, a advogada deu sua versão. “Eu estava indo andar de bicicleta. Eu não conhecia ninguém, mas vi que eles estavam sendo truculentos e decidi acompanhar. Tudo porque uma menina lá, patricinha, queria pegar uma bicicleta e os meninos estavam indo trabalhar".
Outro lado
A Operação Segurança Presente divulgou uma nota defendendo os policiais, afirmando que um casal teria procurado os agentes para reclamar que haviam sido impedidos por entregadores de pegar uma bicicleta no Largo do Machado.
“A equipe foi até o local e verificou que os entregadores estavam ao lado das bicicletas esperando serem solicitados para entrega e não deixavam ninguém utilizar. Os agentes solicitaram que os entregadores se afastassem e permitissem o uso público da bicicleta. Segundo os policiais, outros entregadores foram se aglomerando e iniciou um tumulto”, diz a nota.
Edição: Leandro Melito